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Foi bonita a festa, pá... pro 'Circo Místico' de Cacá em Cannes: o melhor dele em anos

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Mariana Ximenes tem seu melhor trabalho nas telas no longa de Cacá Diegues (crédito: @Rafael Dalo)  Foto: Estadão

Rodrigo FonsecaEnfim O Grande Circo Místico nasceu pro mundo... e nasceu lindão e saudável, nos braços da Croisette, numa sessão de gala, com críticos europeus do mais alto cacife na plateia e elogios das mais variadas línguas. Trata-se do melhor filme do cineasta alagoano Carlos Diegues desde sua obra-prima, Bye Bye, Brasil (1979), com destaque para o desempenho nas raias do trágico de Mariana Ximenes. Na plástica de sua face de pierrô, Celavi, o personagem condutor deste diálogo de Cacá com a poesia de Jorge de Lima, pinta, a partir de uma aquarela de sensações armadas por Cacá e por seu roteirista, George Moura, o óleo vivo de um século de extremos. Celavi é vivido por Jesuíta Barbosa, um de nossos atores mais abertos ao risco.

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É um filme sobre um século de invenções, traições, desilusões, transas e lutas pelo pão de cada dia de uma trupe. Celavi é o mestre de cerimônias que testemunha os vários donos que passam pelo picadeiro sem jamais envelhecer, como se fosse um ser mágico, felliniano. A narrativa, amparada pelo mais belo trabalho de fotografia de Gustavo Hadba (o mesmo de Faroeste Caboclo), concentra-se nos extremos que se passam debaixo de uma lona encantada e nas prevaricações de vários personagens a ele associados. Tem erotismo, tem riso, tem inquietude. Tomara que o MinC se lembre dele na hora de lançar seu candidato ao Oscar. Estreia em setembro. Mas vai longe no mundo até lá...

p.s.: Falando de mestres, fique atento para Dead Souls, de Wang Bing. Ok, ele é espaçoso (tem 8h16 de projeção), mas vale o tamanho que ocupa. É um trabalho inédito do diretor chinês de A Oeste dos Trilhos" e fala sobre exilados políticos que, há 60 anos, mofam no deserto de Gobi. Tônica investigativa similar dá norte a um dos títulos mais esperados da mostra Semana da Crítica: o desenho animado documental Chris The Swiss. Nele, a cineasta suíça Anja Kofmel reconstitui a morte de seu primo, um jornalista que pesquisava a guerra entre os povos da extinta Iugoslávia. Também há recursos de animação em Samouni Road, do italiano Stefano Savona, incluído na Quinzena dos Realizadores. Nele, o diretor anima depoimentos de moradores de uma zona rural vizinha à Faixa de Gaza que foi destruída por conflitos armados.

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