Rodrigo Fonseca Anote este título: Leave No Trace. Ele tem tudo para estar no Oscar do ano que vem. Vai passar em Cannes neste domingão, cercado de expectativas, pois quem assina o filme é Debra Granik.Realizadora do seminal Inverno da Alma (2010), que revelou a atriz Jennifer Lawrence para o sucesso, Debra volta à direção para narrar a luta de dois eremitas, a adolescente Tom (Thomasin Harcourt Mckenzie) e seu pai (Ben Foster, um ator em crescente evolução), para se adaptar a uma realidade perigosa após uma intervenção das autoridades em seu mundo de isolamento. Tem DNA francês e português na produção de O Grande Circo Místico, o melhor filme de Cacá Diegues desde Bye Bye, Brasil (1979), cuja exibição cannoise será neste sábado, com repeteco no domingo. Mariana Ximenes tem uma atuação inspiradíssima no papel de uma acróbata que salta na graça de Deus. Vale lembrar que toda a presença nacional em longas no festival foi feita a partir de coproduções. Uma delas, também com os nossos patrícios lusos, Diamantino, da Semana da Crítica, teve o melhor boca a boca de sua seção e uma das melhores de todo o evento. Os diretores Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt fizeram uma espécie de sátira onírica ao jogador Cristiano Ronaldo, narrando uma viagem de rotas alegóricas de um craque da bola. Seu humor ferino caiu no gosto do balneário. Há ainda um curta com sangue nosso, Órfão, da diretora Carolina Markowicz, na cidade, na Quinzena dos Realizadores, onde Los Silencios fez um clube de fãs com seu mergulho nas águas do Amazonas, amparado na delicadeza de tom poético etnográfico de Beatriz Seigner na direção.