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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Diretor de 'Rocky' e 'Karate Kid' vira tema de documentário

Daniel San e Rocky Balboa andam dividindo o mesmo pôster: o do documentário John G. Avildsen - The King of the Underdogs. O projeto, assinado por Derek Wayne Johnson, reúne entrevistas inéditas de Sylvester Stallone, Matthew McConaughey, Morgan Freeman e Ralph Macchio sobre o rol de pérolas que o grande cineasta cujo nome dá título ao filme rodou, entre 1969 e 1999, incluindo cults como Meu Mestre, Minha Vida (1989), Estranhos Vizinhos (1981) e Sonhos do Passado (1973), pelo qual Jack Lemmon ganhou o Oscar de melhor ator. É um doc tributo a um mestre, hoje com 80 anos. O longa saiu graças a um financiamento coletivo.

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

É pouco citado - e, menos ainda, discutido - o fato de o diretor de Rocky, Um Lutador (1976), o subestimado John Guilbert Avildsen, ser também o realizador do filme que tornou as artes marciais uma presença doméstica nas casas do Ocidente: Karate Kid - A Hora da Verdade (1984). São dois filmes de superação, sendo o primeiro um tipo de Cinderella sociológico (trocando o sapatinho de cristal por shorts com a bandeira dos EUA e luvas de boxe) e, o segundo, um Pigmaleão no qual o menino-fracasso toma um banho de tatame até renascer como um vencedor. Imerso agora na pré-produção de um novo longa-metragem após anos de hiato - Stano, com Joe Manganiello - Avildsen nos deu a medida de que o "cinema de luta" é, antes de tudo, um melodrama, só que desenhado por uma trilha onde o terreno do físico é palco para o espetáculo da purgação - pois é por meio dela que se chega à ascese, à redenção.

Avildsen e Stallone na festa do Oscar Foto: Estadão

Antes dele, obras-primas como O Invencível (1949), de Mark Robson, com Kirk Douglas, ou Réquiem Para Um Lutador (1962), de Ralph Nelson, com Anthony Quinn, já haviam testado este caminho, com êxito, mas sem o alcance pop que Avildsen teve entre o fim dos anos 1970 e o fim dos 80. Com Avildsen, o desamparo social a carência afetiva deixaram de andar em bifurcação e se tangenciaram, construindo um chão para que cenas de socos e pontapés ganhassem carne viva: e essa que fica roxa não pelos golpes dos ringues, mas pelas cacetadas da vida. Que Derek Wayne Johnson esquadrinhe a obra de Avildsen em todas as suas latitudes sociológicas e emocionais. E que o filme chegue logo aqui. p.s.: Esta pauta foi presente do xará, crítico e cineasta Rod Carvalho, que está preparando o documentário Brazilian Way também com entrevistas quentes com diversos profissionais do meio cinematogra?fico: diretores, atores, roteiristas e te?cnicos que contribuem para fazer cinema no Brasil.

O longa dele está em fase de montagem e merece uma olhada atenta por se candidatar ao posto de filme referência para quem estuda toda sorte de manifestação audiovisual.

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