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Cristo de Scorsese pode voltar às telas, via Cannes

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Willem Dafoe como Jesus em "A Última Tentação de Cristo", rodado no Marrocos em 1987 e cercado de polêmica na estreia  Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Um dia após o anúncio dos primeiros filmes em competição no Festival de Cannes, cuja edição de número 70 começa no dia 17 de maio, com a projeção de Les Fantômes d'Ismaël, de Arnaud Desplechin, rolam boatos de que a Croisette acolherá, em seu menu anual de clássicos restaurados, uma projeção de A Última Tentação de Cristo, cujas filmagens aconteceram há exatamente 30 anos. Cannes ainda não divulgou, mas multiplicam-se na Europa as especulações acerca da exibição do longa-metragem. Injustiçado com seu metafísico Silêncio, o diretor americano Martin Scorsese estaria lá para falar deste cult cercado de polêmicas, por ter irritado alas mais conservadoras da Igreja Católica.

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Viabilizado pelo duplo sucesso de A Cor do Dinheiro (1986) e Depois de Horas (1985), de modo a restaurar um projeto inicialmente idealizado para Aidan Quinn estrelar, A Última Tentação de Cristo foi rodado no Marrocos, ao custo de US$ 7 milhões, embrulhado a polêmicas católicas decorrentes de rejeições à sua fonte: o livro de Niko Kazantzakis sobre os desejos do filho do Homem. Thelma Schoonmaker, montadora oficial de Scorsese, conta que ficava trabalhando numa moviola localizada a cerca de duas horas de distância da base do set e que recebia os copiões no início de cada semana, tendo chance de falar com seu diretor só uma vez a cada dois dias, num telefone específico, instalado a alguns quilômetros da mesa de edição. Ele combinavam hora para falar e decidir os rumos deste épico que deu a Willem Dafoe seu melhor papel, antagonizado pelo Judas de Harvey Keitel.

"Houve gente reclamando da violência de Silêncio, mas nada que se comparasse ao rebuliço que encaramos em A Última Tentação... com gente conservadora querendo quebrar cinemas", lembra Thelma Schoonmaker, a montadora do filme e parceira fiel de Scorsese há 50 anos. "Ali, o protesto foi um exercício de intolerância, que fez mal a Marty, mas o fez entender a força das imagens que tinha nas mãos".

Scorsese neste momento desenvolve para a NetFlix o projeto de ficção The Irishman, um longa-metragem com Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci sobre o universo da máfia.

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