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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

3 x 4 de Ken Loach na Caixa Cultural

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
"Eu, Daniel Blake": Palma de Ouro  Foto: Estadão

Rodrigo FonsecaHerdeiro de Marx na defesa poética da dialética como saída revolucionária, Kenneth Charles Loach terá sua obra cinematográfica dissecada a partir desta terça-feira na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, que escalou como atração de abertura o festejado Eu, Daniel Blake. Lançado em 2016 no Festival de Cannes, este inventário de cicatrizes financeiras conquistou a Palma de Ouro por sua contundência investigativa e por seu requinte narrativo. Foi a segunda Palma do cineasta inglês: a primeira veio em 2006 por Ventos da Liberdade, que a Caixa exibe no dia 7, às 16h30, sob a curadoria de Fernanda Bastos. Mas poucos trabalhos deste octogenário cronista da luta de classes teve o peso de I, Daniel Blake. Seu protagonista é o (já grisalho) Dave Johns, que ganha a vida fazendo comédia stand up nos palcos do Reino Unido. Cinema é uma experiência rara em sua trajetória, dedicada ao teatro. Mas Johns comoveu multidões cinéfilas ao dar vida às amarguras de Blake. Com as finanças em crise depois de sofrer um infarto, ele pena na mão de assistentes sociais e de serviços telefônicos de Seguridade, mas sem perder a doçura... isso até uma cena onde sua paciência dá lugar a um ato desesperado. Triiiiiiiiste até o limite do desencanto, Eu, Daniel Blake faz um ataque feroz à burocracia inglesa, retratando o país como um território não muito distante de mazelas vividas por países na linha da pobreza. E este ataque é feito nas raias da ironia, o que atenua, ao menos em sua primeira meia hora, a melancolia de Loach ao analisar conflitos de exclusão por $.

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