O reflexo da crise mundial na fria cidade de Quebec

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Por Felipe Branco Cruz

PUBLICIDADE

O cinema canadense, principalmente aquele feito em Quebec, onde a língua oficial é o francês, costuma ser pautado por filmes densos. É o caso, por exemplo, de Invasões Bárbaras, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2004. Com O Vendedor, da mesma procedência, não é diferente. Dirigido pelo estreante Sébastien Pilote e indicado ao Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance do ano passado, o filme usa a crise mundial como argumento para contar a história de um homem cuja vida gira em torno de seu trabalho como vendedor de carros.

Marcel Lèvesque, interpretado por Gilbert Sicotte, é um vendedor veterano, de 67 anos, que não quer se aposentar, apesar dos apelos da filha. Ano após ano, ele é premiado na empresa como o melhor vendedor da equipe. Paralelo a isso, a principal fábrica da cidade, que produz papel, está ameaçando fechar as portas e os funcionários entram em greve. E, enquanto ninguém mais parece trabalhar ali, Marcel continua vendendo seus automóveis.

De fato, algo não vai bem na cidade, mas Marcel parece não perceber nada de errado, já que continua a melhorar sua performance como vendedor a cada mês. Criam-se, então, momentos de expectativa, uma vez que não se sabe o que poderá acontecer dali a alguns instantes. Essa sensação do pior iminente se mistura às angustiantes cenas do cenário gélido e depressivo da cidade. Está sempre nevando e as pessoas, sempre trabalhando para tirar a neve dos carros, das ruas e das portas das casas.

Um dos pontos altos do longa é mostrar um homem idoso ainda ativo, sem descambar para situações piegas ou emotivas. Marcel é um simples trabalhador e o melhor no que faz. E essa demora em engatar os acontecimentos é outro mérito do roteiro. Aos espectadores, fica a ansiedade pelo clímax - e por uma reviravolta na vida do personagem.

Publicidade

No final das contas, a única certeza é de que a crise chega para todos. E, no caso de Marcel, restará descobrir se ele será capaz de suportá-la.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.