Um dos festivais de fotografia mais aconchegantes que conheço acontece em Tiradentes, Minas Gerais. Esse ano, começará dia 18 de março (quarta) e vai até dia 22, domingo. O V Festival de Fotografia de Tiradentes, organizado pelo professor e fotógrafo Eugênio Sávio está repleto de palestras, exposições, workshops, tudo o que há de melhor do mundo da fotografia e das artes, concentrado nesses em cinco dias, numa aprazível cidade histórica.
Esse ano teremos palestrantes ilustres como os professores Philippe Dubois e Rubens Fernandes Junior falando sobre a história da fotografia e sua estética.
Convocatórias foram feitas para a participação do público para a exposição "O Retrato" sob curadoria de Juan Esteves , Madu Dorella eMiguel Aun. Outra exposição, "Gestos, Relatos, Escritas e Autoficções" é uma coletiva sob a curadoria de Mariano Klautau Filho.
Fora isso, inúmeros workshops ainda estão com vagas. Confira a programação completa no site:
http://www.fotoempauta.com.br/festival2015/
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As fotografias publicadas neste post fazem parte do workshop que fiz no IV Festival , no ano passado. Tive sete bravos alunos e nas aulas discutimos as diferenças entre o fotojornalismo e a fotografia autoral. Fomos à campo com a proposta de realizar um ensaio coletivo para que, em forma de exercício, pudesse ser diagramado no projeto gráfico das páginas centrais do caderno Aliás, do Estadão. O território escolhido foi o bairro "Bichinho",reduto de artistas populares e culinária excelente, próximo à Tiradentes. Com a ajuda fundamental da editora de artes, Andrea Pahim, diagramamos as fotografias em dois exercícios, abaixo publicados junto ao texto que escrevi como parte da proposta.
Abaixo as duas opções dos exercícios finalizados e o texto de apresentação.
A VIDA NO BICHINHO
Foi assim , um workshop do IV Festival de Fotografia de Tiradentes inspirado nas páginas do Aliás. No primeiro dia, grandes nomes da fotografia brasileira e internacional publicados aqui neste espaço foram projetados na tela da sala de aula. Inclusive três deles com presença em mesas de entrevistas do Festival. O mineiro Assis Horta, de 96 anos, foi homenageado e teve sua exposição com parte das 60 mil fotografias 3X4 em chapa de vidro do seu arquivo na época do surgimento da carteira de trabalho e da CLT mostrada nas paredes do IPHAN. O pernambucano Ricardo Labastier, que estreiou nosso espaço em abril do ano passado também foi entrevistado e mostrou sua exposição Abismos da Carne. O japonês Hiroshe Kitamura, radicado em Salvador, falou sobre seu trabalho dos prostíbulos baianos, ensaio também aqui publicado e apresentou sua produção em vídeo, filme tão interessante quanto as fotografias. Além desses três fotógrafos que estiveram aqui nas páginas do Aliás epuderam ser vistos em "carne e osso" nos palcos e nas ruas de Tiradentes, muitos outros ensaios fotográficos por nós publicadosforam projetados aos alunos e discutidos. Abordamos os preceitos do fotojornalismo e do trabalho autoral, quais as diferenças do trabalho da fotografia com a notícia e da fotografia com a criação autoral. E como dentro do nosso projeto gráfico esse ensaio pode crescer e se mostrar. Ensaios como deSergio Jorge, Pedro David, José Bassit, Tiago Santana, Ed Viggiani, Bob Wolfenson, Lindsay Blair Brown, Carlos Moreira, Drago, Tiago Queiroz, Araquém Alcatara , Alejandro Cartagena, Claudio Edinger, Luis Braga, Juan Esteves, entre outros projetados, foram as fontes inspiradoras da nossa turma.
No segundo dia, saímosàs ruas para o trabalho prático. Nosso tema, nossa pauta , erafotografar um lugar chamado "Bichinho", distrito de Prados(MG) com (X) habitantes. Distante sete quilometros de Tiradentes por uma estradinha de terra chegamosaté esse lugar onde o tempo parece ter parado e onde vivem muitos artistas populares. Eles trabalham o ferro , a pedra , a madeira e criam tudo que possa se imaginar: banquinhos, móveis, pias, bailarinas, penduradores em ferro, portões, portas,almofadas, toalhas. São avós, mães e filhas , de geração para geração vivendo da arte popular. Fazem maravilhosos doces de leite, cocadas e pãezinhos de queijo. Nosso desafio era tentar retratar as pessoas que vivem e trabalham no Bichinho. Extrair imagens da tranquilidade e da beleza do pacato lugarejo.
No terceiro dia, o desafio aumentou.Em conjunto, editamosas fotografias do time dos sete bravos alunos fotógrafos de forma que uma pudesse se relacionar com a outra na intenção de contar nossa narrativa sobre aquele local tão especial. Thiago, Monica, Flávia, Bruna, Gabriel, Mariana e Eric, sete cabeças, sete olhares. O grupo veio de Minas, Espiríto Santo e Pernambuco para nosso workshop, aceitoue abraçouo desafio. O resultado aqui mostrado é uma das opções diagramadas nas páginas duplas do nosso espaço a partir do nosso projeto gráfico.