Temos traumas de um vice, Jango, e boas lembranças de outro, Itamar.
Queríamos que Temer fosse um novo Itamar: agregador, líder discreto e ideal para uma transição.
Meses atrás, Temer era a solução.
É histriônico e barroco como foi o mineiro, só não é Itamar, é Temer.
Não se cercou de notáveis, mas de notáveis figuras contaminadas, seu clã, pelas mesmas fontes que contaminaram a quem substituiu.
Temer está sujo, Temer mentiu, Temer passa ridículo.
Alguém precisa estar no comando, alguém precisa tocar as reformas, porém até aliados, como Roberto Freire, e cabelos sem tintura ou aloirados do tucanato, liderados por Alberto Goldman, querem o PSDB fora dessa roubada (literal).
Agora, quase ninguém mais quer Temer, e não sabe como se livrar dele, ou realizar o grito Fora Temer!
A saída TSE, a última esperança, decepcionou ao não julgar, mas cumprir missão.
A saída Congresso é a mais difícil: apenas 170 deputados impediriam sua cassação.
A saída renúncia é improvável.
Citado em delações, pego no flagra e fugindo até de um interrogatório policial, sua única salvação é o cargo, o qual alcançou de carona.
Se Lula (PT) já foi o sapo barbudo que Brizola (PDT), FHC e Covas (PSDB), Ulisses Guimarães (PMDB) teriam que engolir, numa união inédita na política brasileira contra Collor, Temer se tornou intragável até para a Rede Globo, sempre a última a aderir a movimentos de ruptura radicais; mas que quando adere...
Temer ficará. Não será digerido. Será um fiapo preso no dente. Até a sua extração em 2018.
Temer virou um calendário.