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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Série explora vícios e compulsões

Da série COMPULSÃO de João Jardim & Copacabana Filmes, que estreou ontem no canal GNT, ficou a impressão de que finalmente um programa da TV brasileira resolveu desenvolver um tema sério, tocante, com coragem e sem sensacionalismo.

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Atualização:

Sem se esquecer de um capricho visual incrível.

No primeiro programa, o grande escritor e jornalista RUY CASTRO contou em detalhes sua compulsão, a vodca, e o tratamento que fez para se livrar dela.

Num depoimento emocionante e didático, RUY lembra como começou a beber sem parar em 1983, quando veio trabalhar na Folha de S. Paulo.

Bebia duas doses de quatro em quatro horas no boteco de trás.

Depois, rebatia com cocaína.

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Bem, eu trabalhava com o RUY nessa época. Era nosso ídolo.

Toda a redação se sentia estagiária diante daquela jovem lenda carioca.

Beber e cheirar era parte da rotina da classe jornalística.

Ele não era o primeiro nem o último colega a bater na porta do vício.

Mas do inferno que ele vivia, eu não sentia nem o calor.

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Álcool e escrita é uma combinação como café e cigarro, goiabada e queijo.

É tolerada. Vira glamour.

 

 Foto: Estadão

 

Um escritor que não bebeu é um taxista sem GPS.

Um escritor sem uma doença é um computador sem teclado.

RUY se salvou no final dos anos 1980, parou de cheirar, beber e começou a publicar um livro atrás do outro.

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Virou o maior (e autodidata) biografo brasileiro.

Seu relato nos remete às nossas compulsões.

Sofri o que ele sofreu com uma droga que dizem ser um mal menor, o cigarro. Para me livrar dele, foi uma luta de quase 30 anos.

COMPULSÃO trará outros depoimentos bombásticos: a modelo com anorexia (Fernanda Fahel), uma viciada em crack, em jogos e por aí vai.

Parabéns GNT.

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Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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