Ainda bem que tem a Globo
Há uns dias, manifestantes protestaram contra a Rede Globo, em frente à sede da emissora, exigindo que o governo cancelasse a concessão que, como você já sabe, faz 50 anos.
Nas manifestações de junho de 2014, protestaram em frente da sede de São Paulo, picharam o símbolo, e correu boatos no Rio de que invadiriam o Projac, o que detonou uma dispensa antecipada de funcionários.
Mas sem a Globo, teríamos o quê?
Uma novela turca dublada, como na Band, evangélica, como na Record, ou reprises e adaptações mexicanas dubladas, como no SBT?
Pedir o fim da Globo é daquelas besteiras fenomenais que movimentos sociais sem rumo, sem sentido, fora do seu tempo, propõem.
Eu prefiro a Globo.
Gestos que se veem ainda numa instável América Latina: pressão de governos ditos democráticos contra meios de comunicação; como alguns do PT, que ameaçaram com o indigesto controle do mercado, regras sobre o fazer jornalismo, ameaças de cassações.
Quem viu ontem o especial de 50 anos da emissora, focado basicamente na teledramaturgia da emissora, tem mais é que agradecer por ela ter empregado os melhores dramaturgos, atores, adaptado grandes obras da nossa literatura, em novelas, séries ou seriados.
Por ter empregado Chico Anysio, Chacrinha, único programa a divulgar a Tropicália e principal difusor do rock brasileiro, Dias Gomes, Oduvaldo Vianna Filho, Mário Lago, Bráulio Pedroso, ter adaptado Jorge Amado, Linspector, Guimarães Rosa, Suassuna, Fagundes Telles, Mad Maria, Os Carbonários, ter empregado Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Marília Pêra.
Contratou todo Asdrúbal Trouxe o Trombone, Manhas e Mania, duplas do besteirol, com Falabella, Karan e Pedro Cardoso.
Contratou todo elenco de A Máquina, do João Falcão! Sabe quem era: Vladimir Britcha, Wagner Moura, Lázaro Ramos.
Contratou os malucos dos tabloides Planeta Diário e Casseta Popular, e agora, Marcelo Adnet.
E Os Normais, Tapas e Beijos, Os Aspones, Guerra dos Sexo, Grande Família... Geniais!
Ainda hoje, não para de contratar talentos do nosso mundo teatral alternativo da Praça Roosevelt, para nós veteranos como Guizé, Maria Manoella, Paula Cohen e Maria Casavedall.
Empregam meus amigos Antônio Prata e Marçal Aquino. Até Mário Bortolotto fez a série do Bráulio Mantovani, lá.
Associou-se a Fernando Meirelles, à O2 e Conspiração Filmes.
Se cometeu erros no Jornalismo, o que admitem hoje, sua teledramaturgia fez muito bem ao Brasil.
Melhor ficarmos com a Rede Globo.
E parabéns pelos 50 anos.