Ao se popularizar (ou pretender se), a séria mais cara e comentada da história, Game of Thrones, ganhou contornos de telenovela.
Se, no começo, a ousadia dramática era a marca, com incesto, mortes surpreendentes de protagonistas, uma trama intrincada que obrigava o espectador a fazer anotações (ou a consultar parentes adolescentes e com memória fresca), terminou ontem a temporada com os recursos mais utilizados por autores de novela:
- O casal de jovens e lindos protagonistas, herdeiros do trono, fica no final.
- O vilão é morto, num julgamento com reviravolta.
- Quem é filho de quem descobre-se de outrem.
- A vilã acaba sozinha, abandonada pelo único que a amava.
- Uma gravidez pode ser uma mentirinha.
Se a antes, todos eram vilões e heróis, numa trama dialética de personagens esféricos, complexos, em que um carregava o que tem de melhor e pior num ser humano, agora o vilão ficou plano: reconhece seus erros pede desculpas por eles.
Sem contar que o sexo, antes descarado, com ligeira dose de violência, ficou pasteurizado, fofo, apaixonado, sob luz baixa, que dá para passar às 22h.
É uma saída para a audiência da HBO, que enfrenta a concorrência pesada do streaming, bombar.
A série continua espetacular.
Sem a mesma ousadia (coragem) dramática.