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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Escolas particulares devem fechar sexta-feira

Não se sabe o alcance da Greve Geral contra a Reforma da Previdência e Trabalhista (PL 6787 e PL 4302), agendada para sexta-feira.

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Atualização:

Ambos projetos de lei estão em debates acalorados no Congresso, sindicatos e centrais sindicais.

Alguns setores costumam aderir em massa a protestos semelhantes, como bancários e transportes.

Escolas públicas e privadas prometem parar.

O Sindicato dos Professores de São Paulo (SinproSP), independente, apoia a manifestação marcada para sexta-feira, dia 28.

Professores da rede estadual, através da associação (Apeoesp), convocou os docentes para ato no Largo da Batata.

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Já o sindicato que representa professores da rede municipal (Sinpeem) marca ato para às 15h na Prefeitura.

 

Há dois dias, a Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares) soltou uma nota criticando a adesão das escolas:

"São manifestações legais e aceitáveis nas sociedades democráticas, previstas inclusive na Constituição Federal. As liberdades democráticas, que incluem a liberdade de reunião e opinião, constituem pilares indispensáveis das democracias e assim devem continuar a sê-lo. Importante, no entanto, assegurar que o direito legítimo à manifestação pública não se faça em detrimento do direito de outros cidadãos em garantir a seus filhos a possibilidade de frequentar a escola nos dias letivos previamente marcados.

"Na atividade docente, o aluno deve estar sempre em primeiro lugar. A hipótese de interrupção das aulas nas escolas particulares no próximo dia 28 de abril, proposta pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (SinproSP), não é aceitável para a Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar)."

Grandes escolas particulares paulistanas têm mandado comunicados de que irão aderir à greve.

Algumas nem concordam com o movimento, mas respeitam o direito de greve, como o Colégio Santa Cruz.

Outras respeitaram a decisão da maioria em assembleias, como o Lourenço Castanho.

O Palmares resolveu suspender as aulas, temendo um caos na cidade.

Segundo SinproSP, entre as que irão parar, estão escolas em bairros nobres da cidade, como:

Santa Cruz

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Vera Cruz

Oswald de Andrade

Gracinha

Grão de Chão

Recreio

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Esquipe

São Domingos

Escola Viva

Hugo Sarmento

Ítaca

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Lourenço Castanho

Carlitos

São Luís

Rainha da Paz

Anglo 21

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Ofélia Fonseca

Alecrim

Entre outras

 

O Alecrim, pré e escola do ensino fundamental do Sumaré, soltou uma carta aberta e enviou os pais, que talvez resuma o sentimento da categoria.

E avisou que fará rodas de conversa na sexta-feira, de manhã, numa praça perto da escola, Horácio Sabino, para "aprofundar o diálogo na equipe e com a comunidade, a fim de promover um debate maduro sobre estes assuntos que consideramos tão pertinentes à nós educadores e à sociedade como um todo".São Paulo, 23 de abril de 2017

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Carta aberta à comunidade escolar da Alecrim

Nós, trabalhadoras e trabalhadores da Alecrim, iniciamos no mês de abril uma série de reuniões para discutir e nos posicionar sobre as reformas trabalhista (PL 6787) e previdenciária (PEC 287) e sobre a regulamentação da terceirização (PL 4302) propostas pelo atual governo. Entendemos que essas medidas, tomadas sem qualquer diálogo com a sociedade, afetam diretamente a qualidade da educação que oferecemos à nossa comunidade, uma vez que atingem as condições de trabalho dos profissionais desta escola. Além disso, nosso posicionamento está de acordo com a educação na qual acreditamos: democrática, dialógica, reflexiva e que valoriza as diferenças.

Consideramos que essas propostas (fim da aposentadoria por tempo de contribuição, exigência de 40 anos de contribuição para a aposentadoria integral, fim da aposentadoria especial dos professores, entre outros retrocessos) são afrontas aos direitos dos trabalhadores, conquistados arduamente por meio de diversas lutas travadas historicamente. Compreendemos também que a proposição de tais medidas em conjunto e de forma tão acelerada visa dispersar a oposição naturalmente suscitada entre os trabalhadores e as trabalhadoras deste país em diversas frentes.

É consenso em nossa equipe o posicionamento desvinculado de qualquer partido institucional contra todas as reformas citadas. Portanto, por não aceitarmos a perda desses direitos, acolhemos a orientação de greve ao longo do dia 28 de abril (sexta-feira) proposta por diversos movimentos sociais e sindicatos. Esse será um dia de protesto nacional que reunirá trabalhadores de várias categorias profissionais, inclusive das escolas particulares, que entendem ser de vital importância uma mobilização coletiva para pressionar o governo, com o objetivo de se contrapor ao atual processo impositivo de medidas incalculavelmente retrógradas em relação aos direitos trabalhistas. Entendemos a necessidade de alterações na legislação trabalhista, principalmente a fim de ampliar seu alcance quantitativo e qualitativo, mas é preciso que sejam feitas com debates junto à sociedade civil e não para beneficiar aqueles que já são política e economicamente privilegiados.

Compreendemos as dificuldades que uma paralisação pode trazer à comunidade escolar, mas não podemos deixar de agir neste momento tão delicado. Estamos abertos ao diálogo e esperamos que esse momento de luta nos proporcione a garantia dos direitos trabalhistas e previdenciários para a nossa geração e as futuras.

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Funcionárias e funcionários da Escola Alecrim

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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