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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|A maldição da Miss Universo

Atualização:

 

A miss brasileira, a belíssima Monalysa Alcântara, ficou entre as dez.

Garota do Piauí era magnética, cativante, simpática e incrivelmente bela.

Junto com a americana, era das favoritas.

Não levou.

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Vi gente acusando vestido de gala da brasileiríssima Glória Coelho, poderosamente vermelho, enquanto a maioria era branca e bege; tirando a jamaicana, com um amarelo mostarda inglesa de ferir os olhos.

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Outros acharam que, por não dominar o inglês, não pôde engatar um papo mais elaborado com o apresentador americano.

"Acho que a brasileira foi derrotada pelo vestido e pelo desfile. Aquele vestido tapava tudo, ela parecia estar escondida no vestido e no cabelo. E soltar beijos no desfile de gala não dá! Ela é linda, mas...", tuitou @PatSalRocha.

Ao responder a uma pergunta idiota do apresentador, se era verdade que já fora careca, respondeu com um oco discurso "o que vale é a beleza interior".

Sua luta poderia ser mais pontual e explícita: fim do racismo, que é no fundo que que queria dizer.

Miss Brasil era exatamente como o Brasil, um país pobre, simpático, lindíssimo, carismático, sorridente e que exala alegria.

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Num concurso de miss, só simpatia, carisma e, especialmente, a beleza, comovem.

Mas não é o bastante.

A torcida, minha inclusive, era enorme.

As redes sociais ficaram em polvorosas.

A apresentadora brasileira da TNT chegou a murmurar o cântico "Bra-sil! Bra-sil! Bra-sil!".

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Por que perdeu?

Seu queixo deveria estar mais erguido, sua postura mais confiante?

Se luta para melhorar a autoestima de crianças negras, faltou dizer "Black is beautiful!, "Power to the people!"?

Seu ar era inseguro, passivo?

Faltou postura?

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Faltou posicionamento?

Não deveria ter mandado um beijinho para as câmeras?

O trauma de 1954, em que Marta Rocha ficou em segundo lugar no Miss Universo, por conta de duas polegadas no quadril, e o de agora, pareciam colocar o Brasil no estado de maldição.

Monalysa foi eliminada no filtro final.

Mas logo alguém lembrou: temos a verdadeira Miss Universo, Gisele Bündchen.

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Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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