Nova temporada de Black Mirror dá um nó na cabeça.
E põe em cheque nosso dia a dia.
Começa bem, com um episódio pra lá de atordoante: NOSE DIVE [algo como Mergulhe de Cabeça].
Que todos aqueles viciados em redes sociais deveriam assistir.
Desde ontem, Netflix disponibilizou os 6 novos episódios da série inglesa mais surpreendente e perturbadora de todas: ½ ficção científica, ½ simulacro do hoje.
A primeira temporada estreou na televisão do Reino Unido em 2011 com três episódios. A segunda temporada em 2011. Só em 2014 passaram a fazer parte do conteúdo do Netflix, parceira desta terceira temporada.
Novamente, cada episódio é um plot, uma história independente.
Novamente, a tecnologia é questionada.
NOSE DIVE fala de uma sociedade obcecada por likes, avaliações, e que passa usar dados das redes para criar castas sociais e organizar a economia.
Numa esclala de Zero a 5, Se o cidadão tem mais de 4,5 pontos na avaliação geral, ganha até descontos em alugueis.
Ser simpático, não falar palavrão, viver num mundo hipócrita como um ser falsamente realizado [como um atendente de lanchonete californiano] é o aceitável. Falar o que pensa com palavrões, danou-se.
Se tem menos de 3, passa a sofrer preconceito, a ser um pária social. Menos que 2 vira um marginal.
Bryce uma mulher aparentemente feliz em busca da elevação social. Tem 4,3. É uma pessoa 4,3.
Precisa de curtidas para subir um degrau na escala, o que acaba se atrapalhando.
A felicidade tosca e falsa de redes sociais, onde o mundo e as pessoas parecem melhores e mais felizes do que o real, serve de pano de fundo para mostrar uma sociedade cada vez mais em agonia pela busca da perfeição e aceitação.
Como hoje.
No segundo episódio, PALYTEST, um game real, como um LSD, serve a uma terapia em que traumas e a relação com o pai & mãe é trazida à tona. O propósito para o qual o LSD começou a ser usado.
Cada episódio dura 1h.
Vai fundo.
Para se viciar.
Apenas o último, HATED THE NATION, sobre as implicações de haters de uma rede social na morte de milhares de pessoas, tem a duração de um longa-metragem.
Junta três temas relevantes: a vigilância governamental, a extinção das abelhas e a epidemia de haters que se espalham, sob perigosos [e anônimos] hashtags.
Temas atuais e uma sociopatia vigente: como o ódio de espalha na inocência de um hashtag.
Esbalde-se.