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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|3 dicas de séries

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Atualização:

 

Hoje estreia a segunda temporada de Stranger Things, série conduzida por um grupo de pré-adolescentes, como resumir, que homenageia o climão e os ícones dos anos 1980.

Mas se você não se entusiasma, tem mais coisas preciosas passando pelos streamings.

Como:

MINDHUNTER (Netflix)

 

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É a série conhecida como a produzida por Charlize Theron (que infelizmente não atua nela).

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Baseada no livro Mind Hunter: Inside the FBI's Elite Serial Crime Unit, se passa nos anos 1970.

De David Fincher (genial diretor de Clube da Luta, Se7en, A Rede Social, Zodíaco), narra os primórdios da psiquiatria forense, em que se precisava classificar melhor as psicoses de pessoas comuns e dos criminosos.

Quando se criou o termo serial killer.

Conduzida por dois policiais do FBI e uma acadêmica do Boston College, que entrevistam criminosos reais em série, ela está envolta por alguns crimes notórios com outros pequenos crimes regionais, e como se chegam aos culpados analisando perfil psicológico dos envolvidos.

O personagem Holden Ford é baseado no agente John E. Douglas, Bill Tench, cujo filho é autista (quando ainda não se sabia lidar com esta síndrome), no agente do FBI, Robert K. Ressler. A Dra. Wendy Carr é baseada na psicóloga Dra. Ann Wolbert Burgess.

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Super produção de época, gravada em presídios reais.

Segunda temporada já garantida. E virão muitas, porque o tema é amplo e rende.

 

DEUCE (HBO GO ou NOW)

 

 Foto: Estadão

 

É a série conhecida como a dos autores de The Wire, Treme e Show Me a Hero, David Simon, com George Pelecanos, séries que mudaram a TV para sempre.

Também de época, se passa nos anos 1970, na decadência de Nova York, fim da Guerra do Vietnã, desencanto absoluto, antes da política de saneamento do prefeito Rudolph Guliani, de "tolerância zero" aos crimes, e da onda conservadora de Reagan.

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Drogas e exploração sexual convivem livremente pelas ruas policiadas por agentes corrutos de uma NYPD sustentada pela máfia.

O primórdio e o boom da indústria de filme pornô americana. A repressão a homossexuais. O descalabro da figura do gigolô.

Deuce é o quadrilátero que contorna a Times Square e abrigou a maioria dos cinemas pornôs, especialmente na Rua 42. Miolo da antiga "red zone" (boca do lixo) nova-iorquina.

James Franco produz e faz dois gêmeos, um empreendedor de confiança da máfia e outro, o irmão troublemaker.

Margolit Ruth Gyllenhaal está deslumbrante no papel de uma prostituta de rua que se interessa em produzir filmes pornôs.

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THE AFFAIR 3 (Netflix)

 

 Foto: Estadão

 

É preciso ver as duas temporadas anteriores para ver a terceira.

Produção da Showtime, de Mad Men, segue o mesmo conflito entre dois casais desmontados por culpa do tédio, mortes mal-resolvidas e de incompatibilidades, aliado a difícil relação com os filhos.

Com a adesão da esquecida Irene Jacób, atriz de duas obras da última e ótima fase de Kieslowski (A Dupla Vida de VeronikeFraternidade é Vermelha), que traz conflitos entre o mundo acadêmico e a "vida real", estudantes e professores de uma universidade americana refletindo sobre assédio, estupro, ética sexual, abusos.

Noah sai da cadeia absolutamente paranoico.

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O escritor de sucesso vira professor universitário ex-presidiário.

Tenta refazer a vida, mas se sente perseguido. Entram em cena o cotidiano da prisão e o drama da amante, Alison, agora com síndrome do pânico, querendo a guarda da filha.

Sai a crise de casal, entra uma América em crise, paranoica e dividida (eleitor de Trump é citado).

Continua a genial ideia de narrar cada episódio sob o ponto de vista de cada personagem, mostrando que sua visão do que ocorreu difere da do parceiro. A lembrança de cada um da cena modifica até o figurino.

E a sexualidade reprimida continua a exalar em todos episódios.

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Boa continuação. Prende.

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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