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Opinião|Queimada, Cartagena e o colonialismo

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:
Em Cartagena de Índias Foto: Estadão

 

CARTAGENA DE ÍNDIAS/COLÔMBIA - Gosto desta foto. Encontramos a casa quando caminhávamos, sem destino, pelas ruas da cidade histórica. Já sabia, claro, que Queimada havia sido filmado lá. No dia anterior, ou dois dias antes, havíamos inclusive visto uma exposição de fotos de filmes realizados em Cartagena e lá estava o de Gillo Pontecorvo.

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Sempre o considerei uma obra-prima. Ou, pelo menos, um grande filme. Nada, nada, desvenda o modo de funcionamento do colonialismo, essa obsessão de tantas gerações, e que hoje não mais comove ninguém, como se não houvesse existido.

Queimada é uma ilha imaginaria. Pode ser qualquer país da America do Sul, qualquer país explorado do nosso subcontinente. Vive sob domínio português. Marlon Brando é o enviado da Inglaterra para fomentar a queda do governo e assim abrir a ilha ao comércio com os britânicos. Encontra alguém propício para se tornar um revolucionário, Jose Dolores, interpretado pelo camponês Evaristo Marques, que nunca tivera qualquer experiência como ator.

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Cumprida a missão, o agente de Sua Majestade vai embora. Tempos depois, vamos vê-lo de volta à ilha. Dolores tornou-se um líder revolucionário com ideias próprias e também já não serve para a Inglaterra. Atrapalha os negócios. E, agora, a tarefa de Brando será tirá-lo do caminho.

O filme é como um teorema, mas nem por isso frio. Brando e Dolores gostam um do outro. Mas será inevitável que se coloquem em campos contrários. Brando é um funcionário. Queimada, para ele, é negócio. Just business. Para Dolores, é sua pátria.

Alguns acham o filme didático. Eu apenas o considero límpido. A história de exploração continua. Apenas é mais complexa.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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