Um dia, um professor de português do curso secundário bolou um método original de avaliação. O aluno não precisaria decorar regras de gramática ou acentuação. Bastaria manter uma espécie de diário, no qual faria uma redação por dia, que ele leria e corrigiria. Pronto. Comecei a escrever, adquiri hábito e não parei até hoje. Não me lembro do seu nome. Obrigado, professor.
Muitos e muitos anos depois, outra professora bolou um igualmente original método de avaliação. Em seu curso de Filosofia fomos convidados a fazer uma pesquisa, com tema livre, que ela orientaria até a redação do texto final.
Eu era, além de aluno de Filosofia, pós-graduando da Psicologia e tentava uma dissertação de mestrado sobre Freud. A coisa não andava. Perguntei se podia usar esse tema de pesquisa e ela não viu problema. Leu o que eu já tinha escrito, recomendou-me nova bibliografia, acompanhou minhas iluminações e dúvidas, e leu meu trabalho final. Além de ser aprovado em sua disciplina, pude escrever uma dissertação de mestrado bem mais consistente.
Dela, eu lembro o nome. Obrigado, professora Marilena Chauí.
São apenas dois exemplos de como professores podem mudar - para melhor - a nossa vida. Abrem portas, fazem-nos ver uma vocação ali onde nada enxergávamos.
Obrigado a todos os mestres. Tão desvalorizados, tão mal pagos. Um país que se leva a sério põe a educação em primeiro lugar.