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Cinema, cultura & afins

Opinião|Mostra 2017. Começa a maratona

Usamos todo ano a mesma palavra para a Mostra de SP: “maratona”. Mas que outra definiria melhor um evento que apresenta quase 400 filmes? Ou seja, um número superior a qualquer capacidade física, mesma a de alguns clássicos “maratonistas” de Mostra.

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:
 Foto: Estadão

A sessão de hoje é para convidados. A partir de amanhã, começa para o público a Mostra 2017. No Auditório Ibirapuera será exibido Human Flow - Não Existe Lar se não Há para Onde Ir, do artista chinês Ai Weiwei.

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Usamos todo ano a mesma palavra para a Mostra de SP: "maratona". Mas que outra definiria melhor um evento que apresenta quase 400 filmes? Ou seja, um número superior a qualquer capacidade física, mesma a de alguns clássicos "maratonistas" de Mostra.

Então, claro, mais uma vez o negócio será escolher. E apostar.

Há as retrospectivas interessantes - a do suíço Alain Tanner, do francês Paul Vecchiali e da belga-francesa Agnès Varda.

Esta última talvez seja o filé mignon para os verdadeiros cinéfilos. Afinal, Varda, ainda ativa em seus mais de 80 anos, é uma autora completa. Como esquecer seu formidável Les Glaneurs et la Glaneuse? (Os Catadores e Eu, em tradução aproximada). Ou Cleo das 5 às 7, ou tantos outros filmes notáveis. Entre eles, eu espero, o mais recente (mas não o último!) Visages, Villages.

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Há também a retrospectiva Paul Vecchiali, um dos autores contemporâneos mais originais. Serão oito longas restaurados. Os filmes de Vecchiali, alguns deles, têm chegado timidamente ao mercado brasileiro. Vê-los em conjunto, e conhecer os não lançados, será ótimo.

A seleção brasileira vem forte - são 64 títulos. Dos quais, talvez uns 40%, vi por aí, em festivais ou sessões privadas para a imprensa. Há muito a recomendar, como As Boas Maneiras, Arábia, Callado, Gabriel e a Montanha, Pela Janela, Café com Canela, A Moça do Calendário, etc. Muitos títulos bons ou ótimos, relativizando a propalada "crise estética" do cinema brasileiro.

No mais, será imergir nesse oceano de filmes, tentando não morrer afogado. Sabendo que muitos deles você só poderá ver na Mostra e nunca mais porque o medíocre mercado exibidor brasileiro não se interessa em lançá-los.Outros, muitos outros na verdade, usam a Mostra como janela de pré-estreia. E entram em cartaz logo em seguida.

Um dos segredos de uma vida sadia ao longo da Mostra será distinguir entre uns e outros. Aproveite as oportunidades únicas. Deixe o resto para depois. E boa Mostra!

Estaremos por aqui, e, espero, na edição impressa, com nossos comentários.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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