O primeiro concorrente nacional chega cercado de alguma polêmica. De fato, o filme de Anna Muylaert, com Regina Casé, foi apresentado na Europa e estreou em alguns países europeus. No Brasil, tem batido cabeça com os festivais. Estava na mostra competitiva do Cine Ceará e saiu na última hora. O mesmo acontece agora em Gramado. Era para competir e não vai mais. Passa, apenas, fora de concurso. Já vi o filme e gostei. Vou rever. Toca em questões de classe social, um tema quente no Brasil (para dizer a verdade, em qualquer parte).
Mas, no Brasil, a coisa é mais marcada em função do nosso passado escravocrata, que se estendeu ao presente na figura ambivalente da empregada doméstica. Alguém "da família", mas que presta serviços à casa. Um estatuto de relação ambíguo, apenas há pouco regulamentado e não sem resistências das patroas. Estas, como se sabe, têm relacionamento complicado com as panelas. Há pouco as descobriram como instrumentos de protesto. Chato mesmo é lavá-las e isso é a empregada quem faz. O filme tem boa interpretação de Regina Casé e se alinha na investigação sobre os vários andares da estrutura social brasileira, ao lado de O Som ao Redor e Casa Grande.
Do mexicano, nada sei. Vamos conferir. Amanhã comento no blog.