PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Cinema, cultura & afins

Opinião|Dívida de Honra

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

 

Há algo de tormentoso e belo neste Dívida de Honra, dirigido e interpretado por Tommy Lee Jones, lançamento em DVD da Califórnia.

PUBLICIDADE

A história é uma espécie de faroeste crepuscular. Fala de uma mulher de temperamento forte, Mary Bee (Hilary Swank, de Menina de Ouro), que se dispõe a enfrentar uma tarefa que apavora os machos locais. Nada menos que transportar três mulheres mentalmente insanas para lugares onde possam ser tratadas. Desse modo, as loucas são encerradas numa carruagem blindada, a ser conduzida por essa valente Mary Bee. Ela própria é uma criatura determinada, porém com um travo de amargura em virtude da solidão. No meio do caminho, salva da forca um patife, Georges Briggs (Tommy Lee Jones). Ele decide acompanhá-la, não por gratidão, mas pela recompensa em dinheiro.

Um homem e uma mulher, ambos durões, ambos amargos e céticos, conduzindo três loucas por uma paisagem pouco amena. Eis aí uma situação propícia a algumas considerações sobre a natureza humana em situações-limite. A grandeza surge onde menos se espera; em compensação, a mesquinharia brota de cada canto. Por exemplo, na marcante cena em que esse insólito grupo vê recusada a sua estadia num luxuoso hotel no meio do deserto. Há algo de quase surrealista na ausência de compaixão humana com que se defrontam.

Esse enredo, baseado em romance The Homesman, de Glendon Swarthout, se intensifica com a sólida direção de Lee Jones. Sóbria, densa, sem qualquer tentativa de embelezamento ou cosmética das situações tensas ou escabrosas. O elenco é ótimo. O próprio Lee Jones, com as marcas do tempo no rosto, Hillary Swank, com sua composição de mulher forte com pontos de fragilidade. E há Meryl Streep, em pequeno papel tornado grande por seu talento. Belíssimo filme.

 

Publicidade

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.