João Pessoa - O concorrente paulistano Se Deus Vier que Venha Armado, de Luiz Dantas, foi o grande vencedor da 8a edição do Fest Aruanda. Levou o troféu principal e ainda os de diretor, fotografia e menção honrosa para o ator Ariclenes Barroso.
O segundo filme mais bem premiado foi o documentário carioca Setenta, de Emilia Silveira, com o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio do Público.
O paraibano Tudo que Deus Criou, de André da Costa Pinto, ficou o melhor roteiro e melhor ator (Paulo Phillipe). O pernambucano Amor, Plástico e Barulho ficou com o prêmio de melhor atriz (Maeve Jinkings) e o prêmio da crítica.
Foi um bom festival, coroado por uma premiação coerente e corajosa do júri.
Os destaques dessa premiação foram o caráter urgente da violência urbana expresso em Se Deus Vier que Venha Armado, e o rescaldo da ditadura militar trabalhado em Setenta. O ambiente sórdido e expressionista de Tudo que Deus Criou também foi lembrado pelo júri, e as imagens da cena da música brega do Recife, de Amor, Plástico e Barulho não ficou de fora.
Vistos em seu conjunto os filmes compõem um painel problemático e multifacetado da sociedade brasileira. Seus abismo sociais, a herança maldita da ditadura, a dialética entre a sensualidade e o sexo travado (portanto doentio), a separação artificial entre baixa e alta cultura são aspectos que fornecem o impulso desses filmes no mínimo interessantes. Podem ser discutidos e discutíveis, porém nada têm de adocicados ou diretamente planejados para o mercado como boa parte da produção brasileira. Funcionam fora da zona de conforto e estão aí para nos emocionar e nos fazer pensar. E mesmo para incomodar.
O festival, como quase todos os eventos do gênero nesta fase de transição do analógico para o digital, sofreu com problemas técnicos. Houve sessões interrompidas e alguns concorrentes foram prejudicados. Urge completar essa travessia porque os festivais brasileiros têm sido frequentemente tumultuados por questões tecnológicas. Quando estas se avolumam, o foco no estético/social/político pode ficar em segundo plano.
Outro ponto alto do Aruanda foram os seminários, em especial aquele que refletiu sobre os 50 anos de ditadura militar vistos pelo cinema, antecipando a triste efeméride do ano que vem, os 50 anos do golpe. Com Camilo Tavares (O Ano que Durou 21 Dias), Emília Silveira (Setenta), Silvio Tendler (Jango) e Vladimir Carvalho (O País de São Saruê), além das brilhantes intervenções do ensaísta, diretor e ator Jean-Claude Bernardet, o seminário atingiu grau de reflexão poucas vezes visto nos festivais brasileiros. É algo para se guardar.
Como também é para ser lembrada a noite de abertura com a presença luminosa de Ney Matogrosso, que lotou o cinema no shopping MAG. No encerramento, o homenageado foi o ator Lázaro Ramos, protagonista de O Grande Kilapy, do angolano Zezé Gamboa, filme exibido após a premiação. Após a interrupção de 2012, o Aruanda voltou com força e rejuvenescido. Precisa apenas cuidar-se do fogo amigo das rivalidades internas da cidade. PREMIADOS NA CATEGORIA LONGA-METRAGEM
SE DEUS VIER QUE VENHA ARMADO (SP) - melhor filme, melhor diretor (Luis Dantas), melhor fotografia (Hélcio "Alemão" Nagamine), menção honrosa (ao ator Ariclenes Barroso)
SETENTA (RJ), de Emilia Silveira - Prêmio Especial do Juri, Melhor filme pelo Juri Popular
TUDO QUE DEUS CRIOU (PB), de André da Costa Pinto - melhor roteiro (André da Costa Pinto), melhor ator (Paulo Phillipe)
AMOR, PLASTICO E BARULHO (PE), de Renata Pinheiro - melhor atriz (Maeve Jinkings), Prêmio da Crítica-Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)
JURI ARUANDA DE LONGA E CURTA-METRAGEM -INTEGRANTES
O juri foi formado por Vladimir Carvalho, Orlando Margarido, Marcos Henrique,....... Em breve lhes mando o nome dos dois outros integrantes
CURTAS-METRAGENS PREMIADOS:
A NAVALHA DO AVÔ (SP) - melhor filme de ficção, ator (Jean-Claude Bernardet), roteiro (Francine Barbosa e Pedro Jorge)
A GUERRA DOS GIBIS (SP) - melhor documentário, melhor trilha sonora (Bid)
A DAMA DO ESTACIO (RJ) - melhor direção (Eduardo Ades), Premio de melhor curta pelo Juri Popular.
SOPHIA (PB) - melhor curta paraibano (Prêmio Funesc, no valor de R$ 2 mil) - Prêmio da Crítica-Abraccine.
JUS (CE) - Premio BNB (Banco do Nordeste do Brasil) no valor de........
FEIJOADA COMPLETA - melhor atriz (Thaís Tedesco)
GIAP (RJ) - melhor montagem (Felipe Viana)
FOGO-PAGOU (PB) - melhor fotografia (Bruno Salles)
DIQUE - melhor montagem (Adalberto Oliveira)
**********PREMIO ABRACCINE - Os jurados foram André Dib, Renato Felix e Wills Leal, os três associados da Abraccine, mais os professores da UFPB, Regina Behar e Marcel Vieira).
CURTA METRAGEM
MELHOR ROTEIRO -- Francine Barbosa e Pedro Jorge por A Navalha do Avö
MELHOR SOM -- Adalberto Oliveira, por Dique
MELHOR MONTAGEM/EDIÇAO -- Felipe Vianna, por Giap
MELHOR FOTOGRAFIA -- Bruno Salles, por Fogo-Pagou
MELHOR TRILHA SONORA -- Bid, por A Guerra dos Gibis
MELHOR ATOR -- Jean-Claude Bernardet, por A Navalha do Avö
MELHOR ATRIZ -- Thais Tedesco , por Feijoada Completa
MELHOR DIREÇÃO -- Eduardo Ades, por A Dama do Estácio
MELHOR CURTA DOCUMENTÁRIO -- A Guerra dos Gibis, de Thiago Mendonça e Rafael Terpins
MELHOR CURTA FICÇAO -- A Navalha do Avö, de Pedro Jorge
Prêmio Funesc de MELHOR CURTA PARAIBANO -- Sophia, de Kennel Rógis
MELHOR CURTA COM TEMÁTICA NORDESTINA -- Jus, de Marcelo Didimo LONGA METRAGEM
MELHOR LONGA-METRAGEM -- Se Deus Vier, Que Venha Armado, por Luiz Dantas
PREMIO ESPECIAL DO JÚRI -- Setenta, de Emilia Silveira
MELHOR DIREÇÃO -- Luiz Dantas, por Se Deus Vier, que Venha Armado
MELHOR ATOR -- Paulo Phillipe, por Tudo o que Deus Criou
MELHOR ATRIZ -- Maeve Jinkings, por Amor, Plástico e Barulho
MENÇAO HONROSA -- ator Ariclenes Barroso, por Se Deus Vier que Venha Armado
MELHOR FOTOGRAFIA -- Hélcio "Alemao" Nagamine, por Se Deus Vier, Que Venha Armado
MELHOR ROTEIRO -- André da Costa Pinto, por Tudo que Deus Criou