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Opinião|Diário da Mostra 2015 (4). Mais dicas e apostas

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Atualização:

Dia 27 (terça) A Múmia - a Noite da Passagem dos Anos, Egito (1969), Shadi Abdel Salam. Um dos títulos mais interessantes restaurados pela The Film Foundation. Este filme egípcio tem enredo situado em 1881, véspera da conquista colonial britânica. Membros de um clã saqueiam os tesouros arqueológicos e vendem a atravessadores. Filme de andamento plácido, reflexivo, que encantou a Martin Scorsese e guarda todo o frescor.

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A Floresta que se Move. Brasil (2015), direção de Vinícius Coimbra Livre adaptaçãodo Macbeth, de Shakespeare, feita por Vinícius Coimbra (o mesmo de A Hora e a Vez de Augusto Matraga). É raro que o cinema brasileiro se aventure na adaptação de textos clássicos. Por isso mesmo, há muita curiosidade por ver como Coimbra se saiu.

O Culpado. Alemanha (2015), direção de Gerd Schneider. Sólido drama alemão sobre a pedofilia na Igreja. Três padres são amigos e um deles é acusado de haver abusado de um menor. A hierarquia da Igreja tenta abafar o caso, mas um dos padres, Jakob, movido por grande senso de responsabilidade, decidir investigar.

Tarkovski: Tempo Dentro do Tempo, EUA (2015), direção de PJ Letofsky. O diretor russo dizia que filmar era esculpir o tempo. Esse documentário lança um olhar sobre a vida e a obra de Tarkovski, valendo-se, em especial, dos diários deixados pelo artista.

O Signo do Caos. Brasil (2003), direção de Rogério Sganzerla. Último trabalho de Sganzerla, retoma, sob forma ficcional, um dos seus temas favoritos, a produção de obras de arte em regimes totalitários e sob censura. No caso, durante o Estado Novo, sob a censura do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Na história, um carregamento de filmes chega à alfândega e é interceptado por policiais.

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Dia 28, quarta

O Botão de Pérola. Chile (2015), direção de Patricio Guzmán. Certamente um dos grandes filmes da Mostra. Guzmán, diretor de clássicos como A Batalha do Chile e Nostalgia da Luz, mostra que sabe, como ninguém, unir o cósmico ao político, para falar do drama do seu país, submetido, durante a era Pinochet, a uma das mais sangrentas ditaduras do continente.

Limite. Brasil (1931), direção de Mario Peixoto. É o nosso clássico maior da fase silenciosa, agora com cópia restaurada pela The Film Foundation. Peixoto era um jovem inexperiente quando fez esse filme que dialoga com a vanguarda européia. Três náufragos a beira de barco à deriva meditam sobre o sentido de suas vidas.

Chronic. EUA (2015), direção de Michel Franco. Os Cahiers du Cinéma acharam o filme execrável, mas essa revista anda muito moralista. Pelo contrário, a história tem cunho humanista. Tim Roth faz o enfermeiro especializado em cuidar de pacientes terminais. Toca em temas difíceis, como eutanásia e assédio sexual. Não é para todo os gostos. Mas é forte e consistente.

Quase Memória. Brasil (2015), direção de Ruy Guerra. Sempre é bom saudar a volta de Ruy Guerra, um dos mais importantes diretores brasileiros (embora nascido em Moçambique), que não filmava havia alguns anos. Agora ele dá sua versão pessoal do romance de Carlos Heitor Cony. Um jornalista encontra em sua mesa um pacote remetido por seu pai. Aconteceu que seu pai está morto há vários anos. A trama, entre o realista e o imaginário, é um acerto de contas com o pai, e consigo mesmo.

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Uncertain. EUA (2015), direção de Ewan McNicol. Não só de grandes filmes é feita a Mostra. Este é um dos pequenos, singelos, porém significativos participantes. Uncertain (Incerto) é uma minúscula cidade (98 habitantes),situada entre os Estados do Texas e Louisiana. O cineasta debruça-se sobre os tipos locais, sem grandes perspectivas de vida. Um olhar nada convencional sobre os Estados Unidos.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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