Na primeira sessão de Liv & Ingmar - uma História de Amor, de Dheeraj Akolkar, na Cinemateca, o público aplaudiu emocionado no final. Afinal, acabara de ver não apenas uma love story bastante singular, como sugere o subítulo brasileiro, mas uma intensa colaboração artística. Aquela entre o mestre sueco Ingmar Bergman e sua atriz, Liv Ullmann.
De fato, como não se emocionar ao ver a agora veterana atriz norueguesa falar, de maneira tão sincera, do seu relacionamento artístico e amoroso com Bergman. O trabalho incluiu filmes como Vergonha, Persona, Gritos e Sussurros e Cenas de um Casamento. Oito, no total, contando o último, Saraband, espécie de continuação de Cenas de um Casamento, com o reencontro dos personagens de Liv e Erland Josephson, já na velhice.
Liv conta como era trabalhar com Bergman, o põe nos cornos da Lua como diretor, mas não poupa detalhes sobre a dificuldade do casamento. Muito mais jovem do que ele, Liv tinha dificuldade em adaptar-se à necessidade de solidão exigida pelo mestre, em seu retiro na Ilha de Farö. Bergman era duro também como diretor. Liv, rindo das filmagens de Vergonha, feitas no inverno do litoral sueco, mostra imagens suas e de Max Von Sydow, num barco, tiritando de frio, com pouco agasalho, enquanto Bergman, de outro barco, dirige a cena, confortavelmente abrigado sob três capotes de lã.
O casal teve uma filha, separou-se. Mas assim como há casamentos que não dão certo, também algumas separações nunca se completam. De um jeito ou de outro, Liv e Ingmar permaneceram juntos até a morte do cineasta, em 2007. E, dele, Liv recebeu o maior elogio de sua vida. Um dia, queixando-se ao ex-marido e eterno amigo de que sempre era obrigado a falar dele quando concedia entrevistas, ouviu do maestro: "Não se preocupe com isso: você é o meu Stradivarius".
| 1070 | 30/10 - Terça-feira - 19:30 | Cine Sabesp | |
| 1151 | 31/10 - Quarta-feira - 22:15 | Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca - Sala 4 |
