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Opinião|Cuba censura filme de Laurent Cantet

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Vejo que o Festival de Havana "desconvidou" o filme Retorno à Ítaca, de Laurent Cantet. Leia aqui.

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Retorno à Ítaca foi apresentado no Festival de Veneza (veio depois à Mostra de São Paulo) e tem roteiro escrito a quatro mãos por Cantet e pelo escritor cubano Leonardo Padura Fuentes (o mesmo de O Homem que Amava os Cachorros, sobre o assassinato de Trotski).

É crítico em relação a Cuba? É. Quem conhece a Ilha sabe do sentimento ambivalente de muitos cubanos, talvez a maioria. Sentem-se profundamente identificados com o país e, ao mesmo tempo, aspiram deixá-lo, por uma série de motivos que vão da falta de condições materiais à ausência de liberdade. O filme capta essa ambiguidade. Não é obra de propaganda contrária, e tem na sua origem um ótimo escritor e um cineasta de talento (vencedor da Palma de Ouro com Entre os Muros da Escola). É emocionante, lúcido, analítico, duro, belamente interpretado por grandes atores cubanos, como Jorge Perrugoría, de Morango e Chocolate.

Por que será que um país se sente ameaçado por uma obra de arte? Na verdade não é o país que se sente ameaçado. É um regime que não tolera vozes discordantes. Não dá mais para viver como nos tempos da Guerra Fria. Não dá mais para jogar na conta do bloqueio econômico americano as decisões de caráter autoritário.

Decisões como essas são tiros no pé de um país que precisa mais do que nunca se modernizar e integrar-se ao resto do mundo, tentando manter sua identidade. A censura é injustificável.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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