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Opinião|Bom thriller psicológico em Gramado

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

GRAMADO - O Silêncio do Céu vem reafirmar as qualidades de Marco Dutra como diretor. Embora sem o mesmo brilho de sua estreia, Trabalhar Cansa (em parceria com Juliana Rojas) e de Quando Eu Era Vivo (solo), expressa a boa mão de cineasta em seu diálogo criativo com gêneros. Aqui com o thriller psicológico. Trata-se de uma co-produção internacional, com elenco brasileiro e argentino, falado em espanhol quase todo o tempo.

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As cenas iniciais (muito bem filmadas) são as de um estupro. Depois dele, contrariando as expectativas do espectador, Diana (Carolina Dieckmann) decide manter o trauma em segredo. Não dá queixa à polícia. Não conta ao marido, Mario (Leonardo Sbaraglia, de Plata Quemada). Este, no entanto, a tudo assistiu e não interveio. Ou resolveu intervir quando era tarde demais.

Há uma narrativa em off, de Mario, dizendo-se fóbico compulsivo. Tem medo de tudo. O avião, em particular, concentra todos os seus medos - é veloz demais, claustrofóbico, viaja nas alturas. Enfim, Mario seria um medroso, caso a palavra depreciativa não contivesse já um juízo de valor.

Vale dizer que o filme não toma esse caminho condenatório de Mario como covarde, incapaz de defender a mulher e a família (há dois filhos do casal, também). E, mesmo porque, neste caso em particular, Mario, movido pelo misterioso silêncio da esposa, resolve tomar uma atitude e descobrir, por sua conta, quem é, ou quem são os estupradores.

A maneira como esse enredo é desenvolvido dá provas do talento de Dutra. Apoiado em estupenda fotografia, o cineasta mantém o mistério do caso por longo tempo, até abri-lo ao final. Mesmo assim, ainda ficam pairando dúvidas sobre a real personalidade de Mario. Um bonito filme, sem dúvida. 

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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