Li hoje no Libération que o cineasta britânico Alan Parker (de O Expresso da Meia-Noite), decidiu se aposentar. Parker, que tem 71 anos, anunciou a decisão no Festival de Bari, na Itália. Justificou: "O último roteiro que escrevi talvez seja a melhor coisa que fiz em toda a minha vida, mas não consegui dinheiro para filmá-lo e, na minha idade, não tenho paciência para ficar procurando".
Parker ainda disse que, em troca, havia sido convidado para dirigir um episódio de Harry Potter. "Se tivesse aceitado, seria um homem rico", disse.
Para se ver que a mediocridade não é privilégio de um país ou de outro. É coisa do nosso tempo. Conheci Parker no Brasil, quando aqui esteve para o Festival da Amazônia. É uma pessoa bem-humorada, gentil, fanática por futebol. Conversamos muito sobre cinema e, claro, futebol. Tinha inúmeros projetos de cinema na cabeça. Que, claro, ficarão no papel, a não ser que, com esse anúncio, apareça um benemérito para lhe financiar os filmes.
Ou que consinta em dirigir um Harry Potter, ou qualquer coisa do gênero, para empregar o dinheiro em obras que acredite. Orson Welles fez isto. Trabalhava como ator em filmes menores e aplicava a grana em filmes maiores, sem qualquer possibilidade de retorno de bilheteria.