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Opinião|A atualidade do Cinema Novo nos 'Cahiers'

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
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Apesar da forte crise em que se encontra, o Brasil fez-se representar muito bem no Festival de Cannes. Assim começa o artigo publicado nos Cahiers du Cinéma de junho. A revista refere-se à presença de Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, do curta A Moça que Dançava com o Diabo, de João Paulo Miranda Maria, e, em especial, de Cinema de Novo, de Eryk Rocha, que venceu o L'Oeil d'Or, prêmio atribuído ao melhor documentário, incluindo como concorrentes todos os filmes desse gênero que participam dos diferentes segmentos do festival francês. O artigo é complementado, na página seguinte, por uma entrevista com Eryk, assinada por Ariel Schweitzer.

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Como exemplo, ou aperitivo: o entrevistador pergunta por que um filme sobre o Cinema Novo hoje em dia.

Eryk: "O Brasil atravessa atualmente um período muito difícil, confuso, estranho. Senti necessidade de voltar à história do cinema brasileiro e também de revisitar a história política de meu país para compreender o que me leva a fazer filmes e também compreender de forma mais ampla do que significa fazer filmes no Brasil hoje em dia. Acho que existe uma urgência de repensarcinema e política em meu país e, sobretudo, o elo que os une.

Outra: Qual o legado do Cinema Novo à uma jovem geração brasileira?

Eryk: Meu filme fala do Brasil contemporâneo, porque o momento de crise que vivemos hoje lembra muito a situação do país nos anos 1960 e 1970. É notável por exemplo a maneira como as massas são manipuladas, instrumentalizadas pelo poder político e midiático. Nos damos conta de que de fato nenhum problema estrutural - político, social ou cultural - abordado pelo Cinema Novo foi resolvido de verdade. As mesmas questões ressurgem atualmente, mas sob uma forma diferente. É por isso que o o Cinema Novo é mais do que nunca atual.

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Cinema Novo abre o Festival de Brasília em setembro próximo.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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