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Opinião|Mostra 2017. 'O Outro Lado da Esperança', 'Félicité' e 'Esplendor'

Três belos filmes na maratona de ontem, 'O Outro Lado da Esperança, 'Félicité' e 'Esplendor'. Valem como dicas.

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:
 Foto: Estadão

Outro dia feliz nas primeiras andanças pela Mostra, com três filmes bem legais.

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Começo pelo primeiro, o que me deu mais prazer (e alimento espiritual e cinematográfico). Foi o último do dia e terminou depois de meia-noite. Mas valeu: em O Outro Lado da Esperança, o finlandês Aki Kaurismaki exercita mais uma vez seu humanismo sóbrio e humor sutil.

A história é de imigração, tema recorrente nesta Mostra que abriu com o documentário de Ai Weiwei, Human Flow, sobre essa chaga contemporânea.

Khaled é um imigrante sírio, que chega clandestino à Finlândia e decide se entregar às autoridades, em busca de um visto de permanência.

Sua história segue em paralelo à de um vendedor que deixa a esposa e quer mudar de profissão. Desfaz-se do seu estoque de roupas, joga tudo numa rodada de pôquer e decide se estabelecer no ramo de restaurantes. Os caminhos do finlandês e do sírio irão se cruzar.

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O humor é fino e o calor humano se expressa na predileção de Kaurismaki por desvalidos e roqueiros velhos. Joga muito com o clima e seus filmes têm empatia. São um verdadeiro prazer para quem gosta de olhar para o lado B da vida e não se contenta com a barbárie oficial que parece tomar conta do planeta. Há outra forma de vida em outra parte, parece nos dizer. E com isso nos reconforta. Belo filme.

 Foto: Estadão

Félicité, de Alain Gomis, é o nome de uma cantora de boate de Kinshasa, no Congo. Ela é uma tremenda cantora, mas tem sua vida abalada quando o filho sofre um acidente de moto e precisa desesperadamente de uma operação. Precisa juntar dinheiro para pagá-la e aceita ajuda de um homem que trabalha na boate, Tabu.

O ritmo é envolvente, a filmagem é escura (em certas sequências nada se vê), e a história é comovente. A ideia de Gomis, por certo, é contrapor imagens da extrema pobreza com a dignidade com que as pessoas a enfrentam.

Reserva espaço privilegiado para a música, como aquela que canta Félicité e a interpretada pela Sinfônica de Kinshasa, um milagre sublime em meio à miséria desesperadora. O filme, por esses contrastes, oferece momentos de puro encantamento.

 Foto: Estadão

Também encantamento é o que busca Esplendor, de Naomi Kawase, num dos títulos mais badalados da Mostra. Misako (Ayami Misaki, uma Audrey Hepburn oriental) é uma jovem que escreve roteiros de filmes de audiodescrição para deficientes visuais. Acaba por se apaixonar de um deles, o ex-fotógrafo Nakamori, um tipo mais velho e amargurado.

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O filme tem momentos esplêndidos, como a busca por um momento privilegiado de beleza por um fotógrafo que não mais enxerga. E outros menos, como a imersão no processo de audiodescrição que, para o espectador comum, parece cansativo - embora seja útil para sensibilizá-lo sobre a maneira como um filme é "visto" por uma pessoa deficiente.

 

O Outro Lado da Esperança

Dia 22/1021:30 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 2

Dia 29/1015:40 - PLAYARTE SPLENDOR PAULISTA

Dia 30/1013:30 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 1

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Félicité

Dia 21/1016:30 - PLAYARTE MARABÁ - SALA 1

Dia 25/1015:30 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 1

Dia 29/1014:00 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - AUGUSTA SALA 1

Dia 30/1019:15 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 3

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Esplendor

Dia 22/1013:30 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 1

Dia 31/1020:10 - ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA 2

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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