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Uma geléia geral a partir do cinema

Woody e Mia, lá vou eu. De novo!

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Havia iniciado o post anterior pensando numa coisa, mas terminei me desviando no meio do caminho. Que bom que o Omelete e sei lá quem mais gostou de Saneamento Básico, mas não vou ler para me ilustrar. Vou ficar com a minha opinião. Ia falar pela enésima vez da relação Woody Allen/Mia Farrow. Não tenho nada a ver com a ruptura dos dois, com a baixaria, com a roupa suja, embora compreenda perfeitamente a indignação de Mia. Se fosse todo mundo pobre, morando na periferia da periferia, o fato de o cara largar a mulher para ficar com a filha adotiva dela seria o fim do mundo, todo mundo ia dar pedradas, mas, enfim, é Woody Allen e tudo ocorreu numa cobertura elegante de Manhattan. E a Mia nunca foi flor. Só essa coisa de sair pelo mundo adotando já me parece estranha, mas a Jolie Angelina tem feito a mesma coisa. Não quero emitir nenhum juízo de valor no caso Woody/Mia, só acho que existem aí relações de ódio muito instigantes. Agora, não concordo quando dizem que Annie Hall/Noivo Neurótico Noiva Nervosa só poderia ser feito com Diane Keaton e os grandes filmes do Woody com Mia com qualquer outra atriz. É injusto dizer que a Judy Davis apaga Mia em Maridos e Esposas. Claro, foi o filme da ruptura, o olhar de Woody Allen já era de ex-marido e não beneficiava mais a atriz. Mas não sou eu, foi ele que fez de Mia Farrow a personagem-título de Hannah e Suas Irmãs. Hannah encarna a perfeição feminina, a compaixão, a generosidade. Alguém consegue encaixar a Diane Keaton no papel de Hannah? Eu não. Anos mais tarde, em Simplesmente Alice, Allen fez de novo uma declaração de amor apaixonadíssim a Mia. É o filme em que ela está mais bonita, mais delicada. Não imagino outra atriz no papel, até porque ele fez com ela. Pode-se fazer uma abordagem psicanalítica. Woody é neurótico de carteirinha, fez da própria neurose o material de trabalho. Em algum momento, deve ter entrado em choque com a perfeição (maternal) que atribuía a Mia. Alice é de 1990. Maridos e Esposas, de 1992. Apenas dois anos que mudaram tudo numa relação. Mia deve ter pirado, se autodestruiu na ruptura litigiosa. Acho que se trata de uma personagem trágica. Mia foi casada com Frank Sinatra, que a demitiu do set de Crime sem Perdão porque ela queria fazer O Bebê de Rosemary e ele era contra. É o filme mais famoso da carreira dela solo, mas não o melhor. Acho Mia muito humana em John & Mary, de Peter Yates, que antecipa Eu Te Amo, do Jabor, e todo o cinema do casal que parte da relação efêmera de uma noite para algo mais duradouro. Ela é genial como a estranha que irrompe na vida de Elizabeth Taylor e, aproveitando a semelhança com a filha dela (que morreu), instala-se na casa em Cerimônia Secreta, de Joseph Losey. É um dos meus filmes cults, de Losey ou qualquer outro diretor. Mia ainda filmou com outros diretores (Robert Altman, John Guillermin) no início da relação com Allen. Depois, ficou exclusiva dele. O fim do casamento foi, de alguma forma, o fim da carreira. Que coisa! Vou retirar aquilo que disse outro dia, sobre os casais célebres. Artistas podem ser especiais, mas também são humanos. Que história de amor e ódio, hein?

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