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Uma geléia geral a partir do cinema

Walter Salles em Veneza

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

E o Brasil vai desenhando sua participação no próximo Festival de Veneza, o de número 66. Além do filme de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, já confirmado, e do de Felipe Hirsch, a confirmar, estou sabendo que a Fondazione Ente dello Spetacolo vai atribuir um prêmio especial, Bresson 2009, a Walter Salles, por dar, em seus filmes, 'um testemunho relevante sobre o difícil caminho em busca do significado espiritual da nossa vida'. Nunca tive muito apreço pelo longa de estreia de Waltinho, 'A Grande Arte', que ele adaptou de Rubem Fonseca, mas de 'Terra Estrangeira' a 'Linha de Passe', passando por 'Socorro Nobre', 'Central do Brasil', 'O Primeiro Dia', 'Abril Despedaçado', 'Água Negra' e 'Diários de Motocicleta', mesmo com eventuais tropeços, ele tem uma trajetória que não é só coerente, ética e esteticamente. Waltinho permanece humanista num mundo em que a palavra vai se tornando (quase)ofensiva, quando não obsoleta. Ao mesmo tempo que acrescento o post, lembro que tenho de ler o texto que ele escreveu na concorrência, sobre o impasse da produção independente. Segundo me contaram, Waltinho, lucidamente, deplora que a produção atual esteja se encaminhando cada vez mais para uma padronização do gosto que só nos empobrece - o público como o próprio cinema. Acho que se trata de um bom material para discussão, mesmo que, eventualmente, discorde do gosto dos coleguinhas para defender filmes que, do ângulo deles, seriam manifestações talvez padronizadas do cinemão, mas que não encaro assim. Não creio que todo cinemão seja merecedor de desprezo e, menos ainda, que todo filme dito de arte seja merecedor de respeito. Mas sou dos que aplaudiriam Walter Salles no Lido, com certeza. Discordâncias à parte, ele me merece respeito.

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