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Uma geléia geral a partir do cinema

Ver para crer

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

PORTO ALEGRE - Estou desde ontem em Porto. Vim passar aqui os feriados de Páscoa. Pela manhã, antes de embarcar, fiquei tratando do visto para outra viagem a do Japão, na semana que vem, para a pré-estréia mundial de O Homem-Aranha 3. A viagem, propriamente dita, foi aquele imbroglio que tem atormentado tantos passageiros brasileiros. Estávamos dentro do avião, pronto para decolar, quando o piloto avisou que íamos desembarcar e haveria troca de aeronave. Eta, Gol! Li uma nota de que é a companhia que mais cresce no mundo (não apenas no Brasil), mas também, com atendimento miserável e tarifas de mercado - tente viajar de última hora para ver se arranja promoção -, só pode lucrar muito, mesmo. O resultado foi que perdi manhã e tarde. À noite, tive de correr para a pré-estréia de Caixa Dois, que ainda não havia visto, para fazer, agora de manhã,a entrevista com Bruno Barreto que sai amanhã no Estado. Quero dizer que este corre-corre me ajudou a sobreviver ao trauma de terça-feira à noite, quando fui ver O Segredo. Achei... Peraí, não tenho nem palavras para dizer quão horrível achei este documentário que é tema da reportagem de capa de Veja (que não li). Adhemar, Adhemar! Como Adhemar Oliveira passa um filme desses no Espaço Unibanco! Até que tinha um bom público, para o dia e o horário, mas um monte de gente saiu. O tal segredo é um método, ou sistema, que vai lhe permitir conseguir o que mais deseja. Parece comercial da globalização. Você pensa bem forte, pensa positivo, e ganha uma casa de US$ 4,5 milhões, um carro do ano, férias maravilhosas. O segredo é acreditar. Nenhuma preocupação humanística nem social. Frases de figuras como Gandhi e Martin Luther King são tiradas de contexto e usadas para referendar a picaretagem. E os personagens! Nunca vi tanto doutor opinando. Doutor reverendo fulano de tal, com o acréscimo de 'visionário' - este foi meu preferido -, doutor em física quântica, em teoria da comunicação. Saí do cinema pensando. Um diretor como Mel Brooks poderia usar aquela gente, com aqueles créditos e dizendo exatamente o que dizem, para expor o ridículo da humanidade consumista. A gente ia rolar de rir, mas estava todo mundo sério no cinema - é verdade que muitos, senão todos, estavam se aborrecendo. Vou ter de voltar a O Segredo. Mas tenho até dó de sugerir que vejam para comentar depois. Um filme cuja máxima é 'pensamentos produzem coisas' não serve como indicação para cinéfilos, mas, enfim,... Vejam para crer!

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