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Uma geléia geral a partir do cinema

Tributo a Altman

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ainda não escrevi o texto sobre Ingmar Bergman que me encomendou a editora de Santa Catarina que vai relançar o roteiro de 'Cenas de Um Casamento Sueco' e já aceitei fazer outro texto. O CCBB realiza em maio - nas suas unidades de São Paulo, do Rio e de Brasília - uma grande retrospectiva dedicada a Robert Altman, com 37 filmes. O pedido foi que eu fizesse um texto sobre o Altman dos anos 70. Topei na hora. É o meu favorito. 'Mash', 'Voar é com os Pássaros', 'Onde os Homens São Homens', 'Imagens', 'Um Perigoso Adeus', 'Renegados até a Última Rajada', 'Jogando com a Sorte', 'Nashville' a obra-prima do diretor - e o filme que formatou em definitivo seu método de soltar a câmera entre diversos personagens, numa narrativa coral. Observei certa vez, numa entrevista feita em Cannes, que ele havia assimilado a lição de Luís Buñuel ('O Discreto charme da Burguesia') e o Altman não gostou nem um pouco. Confesso que não morro de amores pelos filmes da última fase. Me parece que ele se acomodou um pouco no próprio método, mas não sou louco de subestimar a importância de Altman, mesmo num filme legal mas tão diluído quanto 'Assassinato em Gosford Park' (comparem com 'A Regra do Jogo', que foi o modelo, consciente ou não, e me digam se exagero). Acho geniais aquelas tomadas das nuvens em 'Voar É com os Pássaros' e a história do unicórnio em 'Imagens - com a Susannah York, uma atriz que eu amava! Nunca esqueci a seqüência final de 'Um Perigoso Adeus', o Raymond Chandler do Altman, com o Elliott Gould caminhando, meio pulando, naquela alameda de árvores que formam um túnel. Adoro a visão do jogo em 'California Split' (Jogando com a Sorte) e a revisão do western de 'McCabe & Mrs. Miller', mas o top do top do Altman é 'Nashville', com o Keith Carradine cantando 'I'm Easy', que ele próprio compôs. Já que falei no Elliott Gould, Julie Christie e ele fazem pequenas participações como eles mesmos em 'Nashville'. Que filme! Já senti que vou sentir imenso prazer falando do Altman dos anos 70, que mora no meu coração.

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