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Uma geléia geral a partir do cinema

'Sharin'

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Meu amigo Carlos Eduardo Lourenço Jorge, crítico da 'Folha de Londrina', ligou para me cumprimentar pelo aniversário - 63 anos, hoje! - e eu aproveitei para sabatiná-lo sobre o Festival de Veneza. Carlos Eduardo me disse que o festival não ocorreu, mas fez dois comentários que repasso para vocês, até porque estamos às vésperas do Festival do Rio e, logo, da Mostra de São Paulo e é possível que esses filmes terminem chegando aqui. Carlos Eduardo amou 'Les Plages d'Agnès', documentário de Agnès Varda sobre ela própria, cineasta, viúva de Jacques Demy e eterna oficiante do culto ao ex-marido que morreu. Ele também me falou maravilhas de 'Sharin', o novo Abbas Kiarostami, que comparou a 'Jogo de Cena', do 'nosso' Eduardo Coutinho. O título refere-se a um poema iraniano que já tem 700 anos e a proposta de Abbas consiste em fazer com que mulheres (e atrizes), entre elas Juliette Binoche, ouçam o poema e expressem algum sentimento - dor, alegria, tristeza etc. Abbas Kiarostami filmou 114 rostos. Ele fazia com que suas mulheres olhassem, durante cinco minutos cada uma delas, para uma tela branca, na qual havia um ponto negro. Olhares perdidos (no horizonte?), mas que de repente passavam a representar alguma coisa ou a representar no imaginário do público, que projeta seu olhar sobre o que não deixa de ser uma experiência emocional mas um tanto abstrata. Ouvia tanto falar no filme de Abbas com a Binoche, mas pelo visto ela não é mais importante - nem mais bela, me garantiu o Carlos Eduardo - do que as outras em 'Sharin'. Eu fiquei doido para ver, e vocês?

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