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Uma geléia geral a partir do cinema

Semana! (3)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

RIO - Houve sábado, na Semana, um debate de montadores dos filmes que integram a seleção organizada por Lis Kogan e Daniel Queiroz. A maioria deles também dirige - Paula Gaitan, os Pretti e Parente, Affonso Uchoa. Lis queixou-se depois - como é difícil trazer gente para debater, numa manã de sábado carioca, muito sol lá fora. Havia pouca gente, mas o público veio vindo. No final, a sala do Espaço Itaú de Botafogo, que não é grande (a sala do subsolo, não o complexo), estava quase cheia. Embora não concorde com tudo o que foi dito - há sempre preconceito com o cinema narrativo, de mercado -, interesso-me muito pelo que dizem esses diretores/montadores/autores e rezo com eles na cartilha da devoção a Jean-Marie Straub e Danielle Huillet. Todos amam Pedro Costa, e eu também, mas por não ter conseguido ver Cavalo Dinheiro, confesso que meu português da vez é Joaquim Pinto, com o visceral E Agora? Lembra-me. O que é o cinema? É impressionante como, por mais que filmes sejam pensados, o acaso termina contribuindo. O relato de Affonso sobre como foi feita a cena final de A Vizinhança do Tigre - o passeio de skate dos garotos - foi emocionante para mim. A cena em si não é nada. Nada? Os garotos deslizam no asfalto, as música fala do desejo deles de mudar. Nada, digamos, narrativo - mas tudo como conceito. O movimento, o desejo de mudar, a vida em processo. Vi o filme pela segunda vez na Semana - depois de Tiradentes - e confesso que, sim, chorei. O debate foi muito rico. A brodagem desses caras - e a Paula dizendo que poderia ser mãe de todos - me renova a esperança. No cinema, na vida, que é mais importante. Fico melodramático, sei, mas fazer o quê?

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