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Uma geléia geral a partir do cinema

Sem provocação

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - Não quero provocar ninguém, mas em Paris comprei um livrinho, de uma nova coleção de ensaios críticos. Chama-se 'Clint Fucking Eastwood' e o autor é Stephane Boucquet, ex-Cahiers du Cinéma. Comprei porque era pequeninho, baratinho e seria uma boa leitura no avião. Deu para ler inteiro no voo para Berlim. O autor destroi o mito de Clint, misturando estética, política e psicanálise. Sua análise de 'J. Hoover' é devastadora, mas o mais importante - e não é provocação, hein? - é como ele considera o pênis, e o tamanho do pênis, essencial na obra de Clint. Nem me lembrava que existem tantas cenas e diálogos referentes ao assunto - em 'Os Imperdoáveis', 'O Mundo Perfeito', 'O Poder Absoluto', 'O Jardim do Bem e do Mal' (com aquela Lady Chablis), 'Mystic River' etc. O ponto de Boucquet é que só a qualidade dos filmes - que ele contesta, e de forma muito pertinente; algum editor deveria lançar o livro no Brasil - não justifica o mito do 'xerife'. Fica subentendido que se trata de uma projeção/sublimação dos críticos no machismo do astro/autor. Tem neguinho querendo ser Clint no escurinho do cinema, o último macho, essas coisas. Folclore à parte, a análise se sustenta. E, no caso de 'J. Hoover', assino embaixo.

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