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Uma geléia geral a partir do cinema

Sampa

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Luiz Zanin Oricchio é quem está fazendo a crítica de Não por Acaso no Caderno 2. Eu havia entrevistado Rodrigo Santotro no Festival do Recife. Depois, entrevistei o diretor Philippe Barcinski, usei algumas coisas que Leonardo Medeiros disse na coletiva, durante o Cine PE, e construí minha matéria. Gostamos, ambos, de Não por Acaso. A cotação do filme foi dada de comum acordo. Leiam amanhã no Caderno 2, mas o filme já estréia hoje, aproveitando o feriadão. Sei de muita gente que detesta Não por Acaso. A música é um dos pontos mais discutidos, mas Barcinski diz que, sem música, como chegou a montar Não por Acaso, o filme ficava muito frio, muito cerebral e o que ele, que estudou física, queria, era partir das vidas cruzadas de dois personagens obcecados pelo desejo de tudo controlar (o tráfego, o jogo, a vida), para chegar a uma liberação da emoção desses dois caras tão reprimidos. Não por Acaso dá margem a muita conversa. Um dos aspectos, e não o menos atraente, é esse olhar que o carioca Barcinski lança sobre São Paulo. O Rio é uma das cidades mais belas do mundo. São Paulo não tem aquela paisagem, mas eu sei - também sou 'estrangeiro' aqui -, que São Paulo termina conquistando a gente com sua beleza misteriosa e particular, uma beleza que nasce até do 'feio', que predomina na arquitetura da cidade (e você pode ver agora que ela está desnuda). Luiz Sérgio Person fez o grande filme sobre essa cidade, São Paulo S/A, quando ela começava a explodir, no processo de industrialização dos anos 50/60. Walter Hugo Khouri foi outro poeta de São Paulo, mas como ele próprio me disse, certa vez, a São Paulo dele era a Maria Antônia, a av. São Luiz, o pico do Itatiaia e o Largo de São Francisco, onde seus personagens buscavam a ascese por meio da degradação do sexo. Não por Acaso renova a atração do cinema brasileiro por São Paulo (e vice-versa). Daqui a pouco, vai estrear outro filme em que a cidade e seu tráfego são personagens decisivos - Via Láctea, de Lina Chamie. Não é possível falar de Via Láctea nem de Não por Acaso sem pensar também a cidade.

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