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Uma geléia geral a partir do cinema

Revelação

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Fui ver ontem à noite 'O Livro das Revelações' e confesso que ainda não acertei o passo com o filme de Ana Kokkinos. Aliás, quem é ela? O nome parece grego, mas o filme é australiano. Uma australiana de origem grega, talvez. Achei bonito, plástico, bem interpretado - por Tom Long, que eu não sei se originalmente é ator ou bailarino, e Greta Scacchi, que Walter Hugo Khouri queria que interpretasse 'Forever', mas os produtores italianos lhe impuseram Eva Grimaldi. Ainda não atinei direito com o que Ana queria dizer em sua fantasia que inverte as clássicas histórias de abusos e mostra um homem abusado por três mulheres, que num determinado o penetram com um falus artificial. É curioso que seja uma mulher a expressar na tela esses temores masculinos, emboras Scorsese, em um de seus melhores - e menos valorizados - filmes, 'Depois de Horas', tam,bém tenha construído um pesadelo em torno ao medo da ejaculação precoce e da vagina dentada. Mas, vamos lá - estou falando de 'O Livro das Revelações' apenas para que vocês vejam como são as coisas. Numa cena, o herói, acorrentado, é forçado a se masturbar. Para estimulá-lo, uma das mulheres, mantendo o rosto coberto, fica nua e também se masturba. O corpo da tal mulher é espetacular, mas eu fiz ali uma ponte e me veio outra mulher nua - a modelo de 'Cléo das 5 às 7', de Agnès Varda, que Corinne Marchand procura durante sua peregrinação por Paris, enquanto aguarda o resultado do exame que dirá se tem câncer ou não. A mulher em questão é modelo de nus artísticos, numa academia de belas artes. É feia de rosto, mas tem o corpo mais perfeito, ou mais 'dramático', no sentido da fotogenia, que me lembro de ter visto na tela. Fiquei viajando nas minhas lembranças de Agnès Varda. Acho que a maior revelação do 'Livro', ontem - alguém entendeu o título? -, foi a viúva de Jacques Démy. Mas vamos ao próximo post, para não ficar muito longo.

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