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Uma geléia geral a partir do cinema

Reparação

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Em geral desencano, depois de fazer textos para revistas e até livros. É como se o texto não me pertencesse mais. No jornal, é a mesma coisa. Passei do tempo de ficar cuidando das minhas 'crias', mas não sei - não é que não me interesse. Acho que é mais por autoproteção. Como ocorreu agora com a revista 'Teorema'. O pessoal de Porto me pediu e eu escrevi um texto sobre 'Atonement', Desejo e Reparação, que Joe Wright adaptou do romance de Ian McEwan. Não existe muita gente disposta a defender o filme (que eu amo). Recebi um exemplar da revista, não sei exatamente quando, mas dei uma olhada agora pela manhã, antes de sair de casa. Antes não tivesse feito isso. A edição ficou bonita, fotos bem escolhidas, mas minha análise fundamenta-se no poema de Woodsworth que Elia Kazan utiliza como epígrafe de 'Clamor do Sexo'. Diz o seguinte - 'Embora nada possa devolver os momentos de esplendor na relva/de glória nas folhas/jamais sofreremos.' Na revista, a citação termina aqui, mas na verdade tudo o que quero dizer está ligado à última frase, que foi suprimida - depois de 'jamais sofreremos', Woodsworth acrescenta 'ao contrário, encontraremos forças no que ficou para trás' e é isso que me interessa como linha de raciocínio. Não sei o que ocorreu. Terei deixado a citação incompleta? É o mais provável, mas não tenho nem como conferir, porque já deletei o texto original. Quero acrescentar que, por via das dúvidas, também não li o texto que escrevi como apresentação para a reedição do roteiro de Bergman de 'Cenas de Um Casamento', pela Editora Letras Brasileiras. Uma bela edição, estou falando do ponto de vista do design gráfico. Gostei do texto quando terminei, mas lá ia eu saber que estaria visitando Farö dali a alguns meses. Meu medo é reler e descobrir que faria outro texto...

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