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Uma geléia geral a partir do cinema

Recadinhos e a sexy blonde da 'Porta Verde'

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ivonete informa que Nicolás Sorin, compositor da trilha de 'A Janela', que me produziu a catarse que vocês leram ontem, é filho de Carlos, o diretor. Guillermo Mattias, conterrâneo e admirador do grande diretor argentino, quer saber detalhes sobre a vinda dele ao Brasil, no próximo dia 27. Quem traz o Sorin é a Imovision, que distribui 'La Ventana', desde logo um ds grandes filmes do ano. Ele participa da pré-estreia de segunda, 27, dá entrevistas e na terça, 28, faz o mesmo no Rio. Imagino que a sessão seja para convidados. Teria prazer em dar meu convite para Guillermo rever seu grande conterrâneo (e o filme é lindo. Carlos Sorin é mestre das histórias mínimas, em que nada é tudo). Milton não consegue entender como vi boas coisas em 'Território Restrito'. Ele achou o filme horrível, primário. Continuo insistindo que tem qualidades, e agora com o aval de Silvana Arantes. Encontrei-a ontem na cabine de 'A Janela', mas no final nos perdemos e fiquei sem saber o que ela achou do filme do Sorin. Espero que tenha gostado tanto quanto Luiz Zanin Oricchio e eu. Celdani e Felipe me pediram que comentasse a morte de Marilyn Chambers. Estava deixando passar, mas não era por falta de interesse pelo assunto. Parágrafo, por favor. Não sou a pessoa mais credenciada para falar, não necessariamente sobre pornô, mas sobre Marilyn Chambers porque nunca vi o filme mais famoso dela, 'Behind the Green Door', de Jim e Art Mitchell, de 1972, que Danny Peary, no seu 'Film Guide for the Film Fanatic', considera um marco na história do filme de sexo explícito, tão importante quanto 'Garganta Profunda' e 'O Diabo em Miss Jones', de Gerard Damiano, ou 'Império dos Sentidos', de Nagisa Oshima. Parêntese - vocês não podem imaginar o que foi quando a censura do regime militar liberou o sexo no cinema e, no mesmo bojo, vieram 'Último Tango em Paris', 'Império dos Sentidos', 'Laranja Mcânica' etc, com os filmes do Damiano, estrelados pelas divas hardcore Linda Lovelace e Georgina Spelvin, e toda uma legião de filmes sem pé nem cabeça, mas com... Vocês sabem o quê. Não sei se, na mesma onda, 'Atrás da Porta Verde' estreou nos cinemas, e se estreou eu perdi. Marilyn Chambers era mais bonita do que Linda e Georgina, muito mais bonita. Ela tinha uma aura de pureza e foi isso que fez a fama do filme dos Mitchell, quando surgiu, porque Marilyn se tornara uma pequena celebridade nos EUA, por volta de 1970, posando com um bebê como adorno para os boxes' de Ivory Snow. Ela era conhecida, inclusive, como a 'Ivory Snow girl' e todo mundo queria ver a 'all american girl' fazendo 'coisas sujas'. Vocês, que adoram navegar na rede, se fizerem buscas com esse nome talvez achem alguma coisa. No filme, Marilyn é sequestrada e forçada a fazer sexo numa espécie de clube exclusivo. Danny Peary observa que, apesar de as fantasias serem muito masculinas, o filme fez sucesso entre as mulheres, em vídeo, na época, justamente pelo estilo fotográfico. Jim e Art Mitchell fotografaram 'Behind the Green Door' num estilo hipnótico, como se fosse um sonho, e isso ele acha que liberava as mulheres para verem na tela os próprios desejos e fantasias reprimidos. Ainda sobre filmes de sexo explícito, lembro-me de ter lido - onde? - uma declaração de François Truffaut dizendo que, moralismos à parte, o problema desses filmes era mesmo estético. Eles não satisfazem os cinéfilos - só os voyeurs - porque a câmera fica parada sempre nos mesmos lugares. Não existe invenção. Não vou contestar Truffaut, mas em matéria de invenção nada - nem Gerard Damiano, com o sexo 'existencialista' de 'O Diabo em Miss Jones' - supera uma versão pornô de 'Hamlet' em que o herói prescinde da caveira e, de pênis na mão, recita 'to fuck or not to fuck'. Aquilo é um clássico. Quem era o Hamlet pornô, quem dirigia? Se descobrirem pesquisando na internet, me avisem.

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