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Uma geléia geral a partir do cinema

Que venha 'Il maestro'

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Passei ontem o dia desmotivado para entrar no blog. Não o fiz nem por curiosidade, para haver se houve alguma espécie de diálogo entre vocês, como é a intenção desse novo formato. É verdade que tive um dia particularmente movimentado. Havia deixado as matérias de hoje do 'Caderno 2' para fazer pela manhã. Oscar, entrevista com Colin Firth (por 'Direito de Amar', que é como se chama 'A Single Man', de Tom Ford) e o perfil de Jeff Bridges, além dos filmes na TV. Pela tarde, tinha de novo os filmes na TV de domingo e problemas para resolver, inclusive em bancos. À noite, jantei com minha ex, Doris, e com a Lúcia e o Érico. Doris veio de Porto para resolver questões, ia dizer problemas, mas não chegam a tanto, familiares. Ou seja, foi um dia agitado, mas eu gosto dessa movimentação e, na verdade, não foi isso que me manteve afastado do blog. A questão é muito simples. Acrescentei aqueles posts cheio de parágrafos e terminei me sentindo mal. Achei que estava me traindo. O blog, afinal, é uma coisa muito pessoal, uma viagem minha na qual vocês, eventualmente, embarcam. Para escrever de um jeito - parágrafos, fotos, textos mais curtos - já tenho o jornal. Respeito todas as normas e restrições que me imponham no jornal, numa boa, mas no blog não dá. Fundamentalmente, para mim ele tem de ser diferente. É o que me motiva. Portanto, vocês me desculpem, mas volto ao meu formato e espero que vocês continuem lendo, que discutam etc e tal. De hoje a domingo, vamos falar bastante de Oscar e mais dois indicados estão estreando hoje - o favorito a melhor ator, Jeff Bridfges, por 'Coração Louco', e o melhor, Colin Firth. A propósito, vi, en passant, a página sobre o filme de Tom Ford no 'Caderno 2' de hoje. O título da crítica do Zanin diz que 'um desespero fashion acaba por esfriar o filme'. Se fosse 'um desespero fashion esfria o filme' teria um significado. 'Acaba por esfriar' me soa pejorativo. Não li, mas tendo a crer que não concordo. Pois o que a um parece defeito, para mim é a qualidade de 'Direito de Amar'. Colin Firth, ou George, está idealizando o mundo do qual se despede neste dia que pretende que seja o último de sua vida. O que ocorre o faz percorrer uma gama muito grande de emoções, viajando pelos vários estágios da sua memória, da percepção e também da consciência, a perceber que o luto é necessário, possível e que a vida vem, mas quando isso ocorre... Vejam para captar a complexidade. De minha parte, quero dizer que gosto cada vez  mais de 'Direito de Amar' e a sua frieza desesperada e fashion, 'marienbadiana', é o que tem de mais interessante (com a interpretação matizada de Colin e a 'artificial' de Julianne Moore). Mas, gente, agora não quero falar de Oscar. Quero falar de um autor que sempre encarou Hollywood com desconfiança, porque sabia que não conseguiria, e nem era sua intenção, se enquadrar na linha de montagem do cinema industrial. 'No fim das contas, o sistema hollywoodiano e eu nos rejeitamos mutuamente.' Quem disse isso? Il maestro. Rossellini. Aguardem o próximo post.

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