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Uma geléia geral a partir do cinema

Park Chan-wook

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - Apos a boa surpresa (La Mome - La Vie en Rose), a mah. Acabo de assistir I`m a Cyborg but It`s OK, o novo filme do coreano Park Chan-wook, de quem havia gostado muito de Bad Boy e Lady Vengeance. I`m a Cyborg conta a historia dessa mulher internada num instituto psiquiatrico. Todo o mundo eh louco, o que permite que se veja o filme como uma metafora dos tempos atuais. Nao estou muito seguro de que funcione. Para mim, nao funcionou. Existe a garota e esse maluquinho, que tenta resgatah-la da sua loucura. Num determinado momento do filme, ela vai morrer, se continuar com a greve de fome. Ele simula uma operacao. Diz que estah abrindo seu mecanismo (afinal, ela eh uma cyborg) para encaixar um chip para que ela coma. Como os personagens de Bad Boy e Lady Vengeance, os de I`m a Cyborg, como sempre no cinema de Park Chan-wook, sao submetidos a uma dura prova. Voce se lembra do Bad Boy, sequestrado (e mantido confinado) durante quase 20 anos, como parte de um plano de vinganca, mas isso nos soh sabemos depois que ele proprio tentou se vingar dos que o prenderam. A ideia da prisao eh recorrente no autor. Nao eh somente uma prisao fisica. A pior prisao, para o diretor, eh sempre mental. O filme tem um casal muito bonito, uma bela musica. Em mais de um momento, fechei os olhos soh para curtir a musica, sem ficar preso aas imagens, que nao me agradavam. Para resumir em poucas palavras - acho que existe hoje uma ditadura do cinema de autor, do filme de (ou para) festival. Virou tao convencional quanto o cinema industrial, o cinemao de Hollywood. Hah tempos venho dizendo isso. Encontrei o mesmo raciocinio num texto do Le Monde, a caminho de Berlim. Acho que Park Chan-wook entrou nessa. Na verdade, nao quero pensar muito agora, mas o estudado formalismo e a estilizacao de seus filmes anteriores, que recorriam a codigos de generos, talvez jah contivessem os germens dessa coisa fake que encontrei (e desta vez me decepcionou) em I`m a Cyborg. Cadeh a humanidade? Cadeh a compaixao? Minha amiga Ilda Santiago, do Festival do Rio, sempre me diz que o boom do cinema coreano eh artificial, faz parte de uma campanha muito bem orquestrada. Estou comecando a lhe dar razao. Gosto de IM Kwon-taek e Kim Ki-duk, mas esse Park Chan-wook confesso que vou colocar de quarentena. Vou dormir. Jah eh mais de meia-noite aqui e eu quero acordar cedinho para ver O Ano em Que Meus Pais Sairam de Ferias. O filme do Cao Hamburger passa aas 9 horas, seguido de entrevista coletiva do diretor e sua equipe. Estou curioso para ver como serah recebido pela imprensa mundial. Varios jornalistass estrangeiros que conheco de outros festivais (gregos, espanhois, portugueses) jah vieram me dizer que pediram entrevista com o Cao. Vamos lah. Forca, Brasil!

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