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Uma geléia geral a partir do cinema

Correndo atrás do prejuízo

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Decididamente, hoje não é meu dia aqui no blog. Houve sei lá que problema de acesso e eu demorei horas para postar e salvar o texto anterior. Há pouco, estava a ponto de salvar outro post quando o telefone tocou, fiquei de conversa, a tela escureceu e, quando cliquei, o novo texto se havia ido, não havendo jeito de recuperar. Aaarre. Vamos voltar atrás. Tive uma manhã tumultuada, bem como gosto. Tinha os filmes na TV para redigir, o horário na Rádio Eldorado e o meu editor, ao chegar ao jornal, me encomendou uma página de lançamentos de DVD, para ontem. Redigi rapidinho os três textos que escolhi. A página sai na edição de amanhã do 'Caderno 2'. O primeiro, maior, sobre a velha nova caixa de Indiana Jones, para poder voltar a falar sobre 'O Reino da Caveira de Cristal', sobre o qual, ou do qual até hoje não sei se vocês gostaram ou não. Dêem retorno, por favor. Os outros dois textos foram sobre 'O Belo Antônio', de Mauro Bolognini, com Mastroianni na pele do personagem trágico de Vitaliano Brancati, e 'Os Indomáveis'. Sobre o western de James Mangold, tenho algo interessante para relatar. Quase fui rever em Paris o velho '3:10 to Yuma', de Delmer Daves, com Glenn Ford e Van Heflin nos papéis que são interpretados por Russell Crowe e Christian Bale na nova versão. O filme de Daves voltou, mas está em horários alternativos na Filmoteca do Quartier Latin, que não se encaixavam com minhas disponibilidades. Somente em Paris, capital da cinefilia, distribuidores e exibidores - que não têm preconceito contra o cinema de gêneros de Hollywood - poderiam ter a idéia de recolocar em cartaz o velho 'Galante e Sanguinário', de 1957, para permitir a comparação com 'Os Indomáveis'. Gosto demais da obra de westerner do Daves e adoraria ter revisto o filme pelo qual ele próprio tinha um carinho todo especial. Se houver interesse de vocês, conto em outro post o por quê. Agora, preciso sair. estou em débito comigo mesmo. Preciso ver a Cleópatra de Júlio Bressane, o Príncipe Caspian e, claro, a versão restaurada de 'O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro', meu Glauber Rocha favorito, que bebe na fonte do bangue-bangue. Não sei nem por onde começar. 'Cleópatra', talvez. O caráter operístico de 'Antônio das Mortes' - título internacional - e a disposição assumida do cineasta de fazer um filme popular permitem uma ponte um tanto óbvia com o spaghetti western, mas Glauber, numa entrevista à revista 'Cahiers du Cinéma', transcrita no livro 'A Revolução do Cinema Novo', afirmava ter buscado seus personagens épicos - mesmo que os filmasse inteiramente soltos dentro de uma ação que ele próprio considerava 'fria e distanciada' - na obra de grandes autores de Hollywood. Suas referências, ele dizia, eram 'Pistoleiros do Entardecer', de Peckinpah, e três filmes de Howard Hawks, 'Rio Vermelho' 'Onde Começa o Inferno' (Rio Bravo) e 'Eldorado'. Glauber definia Hawks como épico anti-expressionista e dizia que era preciso retomar os gestos, feitos em completa intimidade, de seus heróis do western. Estou louco para rever 'O Dragão', claro que pelo filme, que conheço bem, mas também para conferir a restauração, que dizem ter ficado esplendorosa, principalmente no resgate das cores originais. O fotógrafo, vale lembrar, é Afonso Beato.

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