Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

Olha que coisa mais linda!

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Adorei a história. Recebi ainda há pouco a cópia de um artigo do The New York Times do seguinte teor. O diretor Lewis Allen morreu em 2003. Sua mulher, Jay Presson Allen, grande roteirista, morreu no ano passado. No luxuoso apartamento da dupla na Park Avenue, em Manhattan, a filha dos dois, a escritora Brooke Allen, encontrou um conjunto de estátuas obviamente africanas, dispostas como se formassem um grupo. Ela as mostrou a um amigo galerista, que resolveu incluir o conjunto numa exposição chamada All about Africa (Tudo sobre a África). A verdade veio à tona. As estátuas haviam sido roubadas do Quênia. Formavam um raríssimo conjunto ritual que as populações da região de Mijikenda, na costa queniana, usam para homenagear seus mortos. Se quisesse, Brooke poderia vendê-las por no mínimo US$ 100 mil. Na segunda-feira, numa cerimônia nas Nações Unidas, Brooke Allen devolveu as estátuas ao povo do Quênia. Achei muito bonito o que ela disse - quando garota, Brooke acompanhou muitas vezes os pais na África, principalmente no Quênia. Aquelas viagens foram muito importantes em sua formação. Ela disse que não seria o que é, se o Quênia não tivesse feito parte de sua vida. Lá ele conheceu um outro mundo, diferente do dela, exótico, misterioso e fascinante. Nada mais justo do que devolver ao país, em troca do muito que lhe foi dado, uma pequena parcela do que foi saqueado dos quenianos. Acho que este post mais ou menos prossegue com aquele sobre Paul Leduc, quando usei Reed, México Insurgente para falar de Reds. Apesar das diferenças entre eles, Leduc e Beatty são grandes artistas, ambos apaixonados pelo mesmo herói revolucionário. A idéia, aqui, é a mesma. O mundo tem esperança! Sei que estou parecendo exagerado, melodramático, mas achei a história realmente linda. Outro dia, encontrei o André Sturm, da Pandora, no Festival do Cinema Latino-Americano e ele comentou o sucesso de Medos Privados em Lugares Públicos, do Resnais. O Belas Artes anda lotado. Tem gente fazendo fila para ver o filme. Resnais, um filme exigente, de autor! Podem me chamar de bobo, mas esses pequenos sinais somente comprovam, para mim, que um outro mundo é possível, sim. Pode não ser agora, pode demorar, mas vai ser. Tem de ser!

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.