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Uma geléia geral a partir do cinema

O que vem por aí, em DVD

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Falamos tanto aqui no blog de Valerio Zurlini e eu nunca comentei que não assisti a apenas um filme do diretor - Le Soldatesse, de 1965 (ou 66), interpretado por Valeria Moricone. Fui conversar agora com Antônio Gonçalves Filho, para saber o que está pintando como lançamento de DVD e ele me disse que a Versátil, continuando com a coleção Zurlini, lança O Deserto dos Tártaros, Sentado à Sua Direita e Le Soldatesse, batizado como Mulheres no Front, todos em outubro. Vou matar, enfim, minha curiosidade de assistir ao filme também interpretado por Anna Karina e Lea Massari e que, na minha cabeça, não sei se com qualquer fundamento real, seria, ou é, a resposta de Zurlini a Cinco Mulheres Marcadas, de Martin Ritt, sobre mulheres colaboracionistas, durante a 2ª Grande Guerra. O filme de Zurlini, até onde sei, conta a história de prostitutas gregas que deveriam servir como objetos de prazer para soldados italianos, durante a ocupação do país, na 2ª Guerra, mas elas se rebelam. Aposto que a tal rebelião deve ser complicada pelo amor, pois Zurlini, afinal, é o cineasta dos sentimentos. Quem já esperou mais de 40 anos pode esperar mais um mês para conferir Mulheres no Front. Prosseguindo - no mesmo mês, isto é, no próximo, também a Versátil lança As Duas Inglesas e o Amor, de François Truffaut, que inverte a equação de Jules e Jim, contando a história de um homem dividido entre duas mulheres. O autor dos livros em que Truffaut se baseou para fazer os dois filmes é o mesmo - Henri-Pierre Roché, um escritor cultuadíssimo na França. Ao contrário de Jules e Jim, que vi várias vezes - e só não é o meu Truffaut favorito porque amo O Garoto Selvagem -, faz muito tempo que não revejo As Duas Inglesas. Gostava muito da definição que o próprio Truffaut dava - não é um filme sobre o amor físico, mas um filme físico sobre o amor -, o que lhe permitia criar cenas bem pouco românticas, que incluíam até vômito de uma das protagonistas. Para encerrar este post sobre próximos lançamentos em DVD, estou sabendo que a Universal vai lançar (está lançando? Já lançou?) O Desprezo, de Jean-Luc Godard. O filme produzido por Carlo Ponti é uma adaptação - tanto quanto se pode usar o termo, num filme de Godard - do romance de Alberto Moravia, com Brigitte Bardot e Michel Piccoli. A história - se é que se pode falar em história, num filme de Godard - é a de um roteirista que trabalha num épico baseado na Odisséia, de Homero. Na Odisséia, Penélope, mulher de Ulisses, espera pelo marido que foi para a guerra. No filme, Brigitte pratica o adultério, mas, antes que alguém a recrimine por ser infiel, Godard deixa claro que, se a mulher moderna não é Penélope, o homem moderno também não é nenhum Ulisses. O Desprezo é o célebre filme em que Jack Palance, na pele de um produtor de cinema, diz que puxa do talão de cheques cada vez que ouve falar em cultura. E, claro, cinéfilo que se preze sabe que Fritz Lang é o diretor do filme dentro do filme e a Odisséia que ele quer fazer é para ser filmada com... estátuas. O Desprezo é um dos meus filmes preferidos de Godard.

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