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Uma geléia geral a partir do cinema

O quarto mosqueteiro

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Falei no post anterior em duas entrevistas feitas por Rubens Ewald Filho, mas citei até agora somente uma - a que ele fez com Jean Simmons. Vou falar agora da outra, que Rubinho fez com George Sidney. George quem? Sidney foi um dos grandes do musical. Nos dicionários de cinema, ele é sempre definido como o quarto mosqueteiro do musical, com Vincente Minnelli, Stanley Donen e George Cukor. O quarto mosqueteiro não é por acaso. No fim dos anos 40, Sidney adaptou Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, com Gene Kelly como D'Artagnan, e fez um filme de aventuras que é um musical sem canto nem dança. Confesso que nunca mais revi Os Três Mosqueteiros, a que devo ter assistido umas 30 vezes (exagero...) no antigo cinema Colombo, em Porto Alegre, que exibia a produção da Metro nos anos 50. Me lembro de cenas inteiras. A de Lana Turner, como Milady, afastando-se naquela colina com o carrasco que vai executá-la, é uma imagem sempre viva na minha lembrança. Imagino que os Três Mosqueteiros tenha ficado datado. É um filme antigo. Nada da linguagem videoclipe que as demais adaptações de Dumas ganharam na tela - a de Richard Lester e a mais recente, em que os espadachins esgrimiam suas espadas como nas aventuras de artes marciais. Lembrei-me do Sidney porque estou aqui, agora, com o DVD de Os Três Mosqueteiros, na mão, lançado pela Warner. Tem três extras que nem sei o que são - Um Olhar sob (não será sobre?) Londres, Que Preço Fleadom e MGM Rádio Promo, que imagino seja a publicidade do filme para rádio. Vejam e depois me digam se não tenho razão. Olhem o elenco - além de gene Kelly e Lana, estão presentes Angela Lansbury, Vincent Price, June Allyson, Van Heflin, Keenan Wynn, Frank Morgan e Gig Young. O que o Rubinho tem a ver com isso? Rubens entrevistou Sidney há alguns anos. O velhinho ficou lisonjeado com os elogios que Rubinho lhe fez. Ele merece, embora tenda a ser neglicenciado pela crítica. Sidney fez belos musicais, mas também se saiu bem nos filmes de aventuras e nas comédias. Aproveitando que teremos aí as homenagens do TCM Classic Hollywood a Elvis Presley, com uma programação especial pela passagem dos 40 anos de morte do Rei, não custa lembrar que Sidney fez um dos melhores filmes que ele interpretou. Elvis fez dois belíssimos filmes, ao longo de uma carreira com muita porcaria. Dois filmes de gênero. Com Don Siegel, o mentor de Clint Eastwood, fez o western Estrela de Fogo, do qual gosto muito. Siegel dizia que Elvis era um ótimo ator que teve poucas chances para poder exibir seu talento dramático. No filme, ele é um mestiço, meio branco, meio índio, que tenta evitar o confronto entre a cavalaria e a tribo de sua mãe. Elvis tenta manter a família unida, mas o ódio, não o amor, é o motivo de Estrela de Fogo e a família se desintegra, o que leva o herói, no final, ferido e desgostoso, a buscar a montanha, para morrer solitário, num último gesto de afirmação. O título original é Flaming Star e sempre me encantou a postura trágica de Elvis, o tom sombrio do relato (acho que foi o filme do Siegel que inflenciou Os Imperdoáveis, do Clint, mas aí já é delírio meu). O outro, que Sidney dirigiu, é o musical Viva Las Vegas, que no Brasil se chamou Amor a Toda Velocidade. A cena em que Elvis canta The Lady Loves Me (But She Doesn't Know Yet) para Ann-Margret é o que há. Vejam Os Três Mosqueteiros e depois a gente conversa.

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