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Uma geléia geral a partir do cinema

O primeiro orgasmo de mamãe

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Descobri mais uma preciosidade da série 'filmes ruins que eu gosto'. Fui ver ontem Minha Mãe Quer Que Eu Case, que estreou na semana passada, quando estava no Recife. Achei muito divertido e, pegando carona na decoração do Frei Caneca - que diz que o Dia das Mães é um espetáculo no shopping, já que notas de um certo valor dão direito a ingressos no teatro da casa -, quero dizer que o espetáculo ideal para o dia em questão talvez seja levar sua mãe para ver esse filme que proporciona uma deliciosa mistura de convenção e subversão. Diane Keaton é a mãe preocupada com a situação afetiva e sexual da filha. Ela teve três, duas se casaram, mas a terceira não consegue achar o homem certo. A mãe toma a dianteira. Mais atrapalha que ajuda, empurrando a garota, que já está ficando balzaca, para o homem que escolheu e tentando brecar o romance com o que considera errado (mas nós sabemos ser o certo). Uma cena ótima é quando a mãe e as três filhas vão fazer uma massagem coreana e as funcionárias ficam fazendo comentários na língua delas. São bem picantes e diagnosticam bem o caso de Diane. Mais tarde, nem Almodóvar, em Tudo sobre Minha Mãe, imaginou a cena em que ela finalmente se expõe, dizendo que nunca teve um orgasmo na vida e na seqüência tem o primeiro com... Não vou dizer para não tirar a graça. Diane Keaton é ótima comediante, e não apenas nos filmes antigos do Woody Allen. Lembram-se dela no Clube das Desquitadas? Era hilária. Minha Mãe Quer Que Eu Case é comercial, mas não é burro. Pelas convenções hollywoodianas, vigentes em qualquer novela das 8, se a mulher tem dois pretendentes, um tem de ser do mal para facilitar sua escolha. Não é o caso e os dois ainda são bem bonitões. A platéia rolava de rir. Eu, no clima, rolava também. Só me decepcionei um pouco no desfecho, quando aparecem os nomes dos dublês de Diane, Mandy Moore e Gabriel Macht. Mas então eles não cantam? Nem tocam? Que peninha! Me enganaram direitinho. Ah, sim. Estou chegando ao fim do post e ainda não citei o diretor. É Michael Lehmann, que após o cult Atração Mortal, sobre garotas com o nome Heather que são assassinadas (e o próprio filme se chama Heathers), assinou o fracasso monumental Hudson Hawk O Falcão Está à Solta, com Bruce Willis. Michael Lehmann tem clamado no deserto por sua reabilitação. Talvez já se possa tirá-lo do limbo. Dentro da proposta, Minha Mãe... é bem decente (se bem que é a indecência é que faz o charme do filme).

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