PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

Noite agitada

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

GRAMADO - Resolvi, um tanto tardiamente, colocar a procedência dos textos que erstou postando aquyi da serra gaúcha, no quadro do 35° Festival de Gramado. A noite ontem foi agitada no Palácio dos Festivais. Não veio ninguém apresentar o documentário argentino Cocalero, de Alejandro Landes, sobre o presidente boliviano, Ivo Morales. Aliás, não veio nem o filme, que foi apresentado numa cópia de serviço, em vídeo, com a tarja 'somente para exibição doméstica' tapando boa parte da imagem. É verdader que euy não sei se a imagem 'cinematográfica', livre de interferência, ia melhgorar as coisas. Cocalero foi chamado, aqui, de Entreatos 2. O filme acompanha o processo eleitoral que levou Morales, um índio, à presidência da Bolívia. O personagem é mais complexo e interessante que o filme. Landes fez um filme pobre, como cinema, e, embora tente disfarçar, também chapa-branca. Todo mundo ainda deglutia o horror das condições de projeção de Cocalero quando iniciou o segundo longa da noite, o brasileiro Olho de Boi. Como não havia lido nada, não sabia que era uma transposição de Édipo Rei para o meio rural brasileiro. Achei o começo impressionante, aquele boi entrando no matadouro e estava querendo entrar no clima quando a sessão foi interrompida, aos gritos, pelo diretor, que se queixava de que o filme estava com a janela errada. Hermano Penna fez seu discurso, compreensível, de que o cinema brasileiro quer ser grande e treopeça nessas pequenas coisas. Foi aplaudido. O filme recomeçou. Pode-se dizer myuita coisa sobre Olho de Boi, e a primeira é que plasticamente é muito forte, com um belo trabalho de fotografia de Uli Burtin. Direção de arte, atores, tiudo impressiona. A radicalidade é grande. Aqueles dois homens,o garoto e o padrinho, na igreja em ruínas, preparando-se para a tocaia. A própria idéia de subverter a tragédia clássica - quem fura os olhos é o pai substituto, não o Édipo sertanejo - me pareceu interessante, mas mentiria se dissesse que gostei. Há alguma coisa - o quadro, os personagens, a empostação - que transforma Olho de Boi numa experiência que, pçara mim, foi desagradável. Estou indo para o debate do filme. Quero ver o que Hermano Penna tem a dizer. Daqui a pouco, eu volto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.