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Uma geléia geral a partir do cinema

Lilia Cabral no 'Divã'

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Fui ver ontem pela manhã 'Divã' e nem tive tempo de comentar o filme de José Alvarenga Jr. com Lilia Cabral, adaptado da peça que a própria Lília interpretou no teatro. A produção é da Total, no capricho, e Lília é nota 10. Assisti ao filme no Bristol, numa sessão acho que para mensais e lá estava Rubens Ewald Filho. No final, ambos coincidimos na mesma sensação. O filme lembra o feminismo soft de 'Shirley Valentine', um daqueles filmes 'de' mulheres que Lewis Gilbert fez nos anos 80, penitenciando-se do chauvinismo de suas aventuras com James Bond ('Com 007 Só Se Vive Duas Vezes', '007 - O Espião Que Me Amava' e '007 Contra o Foguete da Morte'). Achei bem simpático e no final até fiquei meio xarope. A morte da amiga - já está na peça, não estou tirando graça nenhuma - me fez pensar em perdas, em amigos que se foram e que me faltam. Pensei no Tuio Becker, no Sérgio Moita. Havia entrevistado o Sérgio Machado, que começou a dirigir 'Quincas Berro d'Água' em Salvador e ele me disse que a adaptação de Jorge Amado lhe permite encarar o tema da morte, já presente em sua produção anterior ('Onde a Terra Acaba' e 'Cidade Baixa'). Achei muito legal o que me disse o Sérgio. Ele convive muito mal com a morte. Não é o medo de morrer, mas de perder as pessoas queridas. Entendo isso muito bem, esse seu sentimento, e desde que conversamos eu havia ficado com uma sementinha lá no fundo, me incomodando. Quando vi 'Divã' o assunto aflorou - e como é a boa a atriz que faz a amiga, Alexandra Richter... É isso? Quem é? Não creio que 'Divã' tenha potencial para repetir o fenômeno 'Se Eu Fosse Você 2', mas pode aspirar a uma bilheteria e a uma crítica decentes, embora eu já antecipe que o cabeleireiro gay possa ser criticado pelos mesmos que, no blog, deploraram o que há de preconceituoso na sequência de 'Se Eu Fosse Você'. Há mesmo? Eu confesso que me diverti com as 'viadagens' de Tony Ramos, quando ele solta a mulher (Glória Pires) dentro dele. Não vi preconceito e só espero que o politicamente correto que engessou o cinema de Hollywood não vire norma por aqui, também. Notem bem - não estou pregando a irresponsabilidade nem a liberação do preconceito, até porque hoje de manhã confesso que meu ânimo caiu 'nel suelo'. Estava no carro do jornal, a caminho do Belas Artes, para ver o filme argentino 'Motivos para No Enamorarse', de Mariano Mucci, que tem uma batida meio 'Amélie Poulain'. No carro, havia um exemplar do JT e eu comecei a folhear. Lá estavam a condenação do monstro austríaco e o caso da garota de programa que agrediu a babá e seu filho, marcando a criança com cigarros e provocando traumatismo craniano. Só isso já bastaria para deprimir, mas havia muito mais. Dois casos de bebês atirados contra a parede, o tarado que abusou do menino no banheiro da escola, o médico da banda chique do abuso infantil que... Chega! Parece filme de horror, e bem horrível. Socorro! Que mundo é esse?

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