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Uma geléia geral a partir do cinema

Ladrilhando a Broadway

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Me desculpem, mas já foi tarde. Havia visto no sábado o belíssimo 'Primeiras Rosas', no Teatro do Sesi. Ontem, voltei ao teatro e fui ver com amigos - Dib Carneiro Neto, Gabriel Vilela - 'Sete, o Musical', que se despedia da temporada paulista. Digo que já foi tarde porque não gostei, mas se depender da equipe que fazia o espetáculo e do próprio público, acho que volta. É só arranjar um patrocinador, como pediu a estrela, no palco. Não quero ser desmancha-prazeres daquela plateia imensa que lotava o Teatro Sérgio Cardoso, mas achei um horror, sem pé nem cabeça. Nossa especialista em teatro do 'Caderno 2' elogiou a iniciativa como criação de um musical brasileiro. Até entendo o que quis dizer. O conceito consiste em 'atravessar' a história de 'Branca Neve e os Sete Anões', construindo outra ficção - paralela - na qual Rogéria, como dona de bordel, 'introduz' o humor chancho que, desde a Atlântida, tem (ou expõe) a nossa cara. Rogéria é engraçada e mais sabichona do que toda aquela gente junta. Ela dá um jeito de ficar sozinha no palco, no encerramento, para ter o último aplauso. O conceito do humor chancho - da chanchada - está claro, mas a subserviência ao modelo musical da Broadway, o sapateado - que o público aplaude em cena aberta -, as músicas, todas no mesmo diapasão, para que aquela gente solte o vozeirão, tudo me pareceu aborrecidíssimo. Não entendia o ponto, nem as canções, assinadas por Ed Motta. Quando entrou o 'Se Essa Rua Fosse Minha', com o subsequente verso 'Eu mandava ladrilhar', me distraí completamente e fiquei divagando mas por que raios eles estavam cantando aquilo. Para ladrilhar, à brasileira, a via da Broadway? Sorry, já que é tudo muito 'americanófilo', mas 'Sete' me pareceu estapafúrdio. Os valores de produção são inegáveis, mas aquilo não é musical brasileiro coisa nenhuma. É macaquice. Sessenta ou setenta anos depois, conseguimos chegar lá. Estamos imitando direitinho os gringos...

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