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Uma geléia geral a partir do cinema

Juventude Transviada (1)

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Havia comprado, em Nova York, no mês passado, um livro que me parecia muito interessante. 'Live Fast, Die Young', de Lawrence Franscella e Al Weisel, cujo subtítulo é 'The Wild Making of Rebel Without a Cause'. Sou fã de carteirinha de Nicholas Ray e do seu clássico com James Dean, lançado postumamente (após a morte do ator) e que no Brasil popularizou a expressão 'juventude transviada', para designar a rebeldia da juventude dos anos 50. Algumas coisas do filme ficaram datadas, mas nos anos 60, quando o assisti, quase dez anos após a estréia, ele ainda era a melhor coisa produzida por Hollywood para tentar entender a cabeça dos jovens. Em 1967, Mike Nichols fez 'A Primeira Noite de Um Homem' com Dustin Hoffman e a popularidade do filme superou a de 'Juventude Transviada', mas o filme de Ray ainda ocupa um lugar muito especial no meu panteão de cinéfilo. 'Rebel withou a Cause', Rebelde sem Causa - ao contrário do título original, o cult de Ray, escrito por Stewart Stern, não faz outra coisa senão apontar causas para a rebeldia de Jim Stark, o personagem imortalizado por Jimmy Dean. A maior delas talvez fosse o conflito geracional, a oposição entre Jim e seu pai, um homem fraco e conformista, que representava tudo o que o filho não queria ser. O livro contextualiza o trabalho de Ray nos EUA dos anos 50 e na carreira do diretor. Nos primeiros anos daquela décsada, a criminalidade juvenil aumentou em cerca de 40%, alarmando a sociedade norte-americana, fenômeno que o cinema já vinha encarando por meio de filmes como 'O Selvagem', de Laslo Benedek, com Marlon Brando; 'Sementes da Violência', de Richard Brooks, com Glenn Ford e Sidney Poitier; e 'O Crime não Compensa' (Knock on Any Door), do próprio Ray, com Humphrey Bogart e John Derek. Não me lembrava, mas foi justamente no filme de Ray que se ouviu pela primeira vez a frase 'viva rápido, morra jovem e seja um cadáver bonito', que incentivou Franscella e Weisel a chamarem assim seu livro ('Live Fast, Die Young') sobre a selvagem realização de 'Juventude Transviada'. Continuo no próximo post.

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